Questionado sobre a prevalência da nova variante Delta, António Costa, em Bruxelas para um Conselho Europeu, disse que espera "que Portugal seja a última fronteira desta variante", mas assumiu que "não é essa a previsão que o Centro Europeu de Controlo de Doenças faz".
Ainda sobre esta matéria, assumiu que, tendo em consideração a atual situação pandémica do país, Portugal pode entrar para um género de lista vermelha de variantes a nível europeu.
Nesta matéria, Costa defendeu os critérios adotados na matriz de risco portuguesa, que voltaram hoje a ser questionados, numa altura em que Lisboa se prepara para recuar no desconfinamento.
"Muita gente em Portugal tem discutido a matriz que adotamos e eu tenho insistido em explicar que a matriz que adotámos é a matriz que adota o Centro Europeu de Controlo de doenças. Portanto, é absolutamente inútil alterarmos a nossa matriz porque o CDC tem a sua matriz fixada e é em função dessa matriz que todos os países europeus vão fixando as regras".
O presidente da câmara municipal de Lisboa, Fernando Medina, defendeu hoje, numa entrevista ao ‘Público’ e à Renascença, que não é possível manter um “nível de condicionamento da vida” idêntico ao que tem sido imposto em Portugal, numa altura em que a vacinação já chegou a mais de 30% da população.
O autarca socialista diz mesmo que a atual matriz de risco, que orienta os passos em frente ou os recuos no desconfinamento, deve ser revista — seguindo a mesma linha já defendida por Marcelo Rebelo de Sousa.
Ainda assim, “mantendo o Governo a matriz e os indicadores, o que acontecerá com probabilidade a Lisboa e a outros municípios vai ser um recuo relativamente às regras do desconfinamento, que terá sobretudo um impacto ao nível dos horários da restauração, que ficarão limitados ao sábado até às três e meia”, disse Medina.
A decisão final sobre quem avança ou recua no desconfinamento será conhecida esta tarde. O Conselho de Ministros reúne-se hoje com a situação da covid-19 na agenda numa altura em que os indicadores da pandemia estão no vermelho e se perspetivam novas travagens ou retrocessos no desconfinamento.
Cem dias depois de ter iniciado o desconfinamento na zona verde da matriz de risco, Portugal encontra-se com os indicadores de controlo da pandemia no "vermelho" e começam a soar os alertas, sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo, que concentra 64,3 % do total de casos a nível nacional.
Na quarta-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu que Lisboa e Vale do Tejo deverá manter as medidas de restrição em vigor devido à situação epidemiológica da covid-19, enquanto o presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina, admitiu que o município pode dar um passo atrás no desconfinamento.
O agravamento da pandemia tem sido gradual e evidente nos últimos 31 dias, com o país a passar de 241 casos de infeção registados a 24 de maio para os 1.497 verificados na quarta-feira, o que representa uma subida de mais de 520%.
Há uma semana, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, admitiu que Portugal venha a travar a passagem a uma nova fase de desconfinamento, prevista para a esta semana, face à evolução negativa da situação epidemiológica.
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