Em causa está a notícia da agência Lusa, que referia que o provedor dessa Santa Casa do distrito de Aveiro criticava a "confusão geral" do rastreio ao vírus SARS-CoV-2 na instituição que, contando com cerca de 120 utentes e 50 funcionários, reclamava exames mais rápidos, menor desfasamento entre colheitas biológicas ao mesmo grupo e comprovativos de cura como sinal de "esperança" para seniores e profissionais.

Agora, a ARS Centro afirma que as equipas do Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Vouga e do Hospital Francisco Zagalo, que são as que realizam o rastreio no terreno, "sempre demonstraram proximidade com as instituições e uma constante comunicação e vontade de diligenciar e resolver todos os resultados em falta".

Sem rejeitar a afirmação do provedor de que o resultado dos testes demora "cinco ou seis dias" a ser divulgado quando a maioria dos municípios já os apresenta em 24 horas, a ARS Centro acrescenta: "A comunicação de resultados foi feita, na maioria dos testes, nas 72 horas após a realização da colheita".

Quanto ao trabalho já efetuado na Misericórdia de Ovar, nomeadamente no lar principal da Santa Casa e no espaço residencial São Tomé, a mesma administração regional declara: "A realização dos testes à covid-19 iniciou-se a 28 de março, tendo sido testados, até ao momento, todos os utentes e funcionários. Foram realizados um total de 332 testes laboratoriais para SARS CoV-2 - respetivamente 276 para o lar e 56 na casa São Tomé - em amostras do trato respiratório superior, colhidas por zaragatoa".

A ARS Centro não explica, contudo, o desfasamento a que aludia Álvaro Silva, quando disse que, quase um mês após os primeiros exames, esta semana se iniciou na Misericórdia uma nova ronda de testes que acabaria interrompida pela autoridade local de saúde antes da respetiva conclusão.

"Só fez alguns e depois suspendeu a operação, não se sabe porquê", dizia na quinta-feira o provedor.

Ainda no contexto da Misericórdia de Ovar, também o Hospital Francisco Zagalo reagiu às declarações de Álvaro Silva, que vem reclamando o internamento de doentes com mais de 80 anos, infetados pelo SARS-CoV-2 e com várias outras patologias, por defender que "os lares de idosos não são unidades de saúde".

Depois de o provedor criticar que esses seniores não sejam internados, por exemplo, no hospital de campanha local, que "continua quase vazio", a direção do Francisco Zagalo realça: "São internados nos hospitais os doentes que, segundo critérios exclusivamente clínicos, requerem cuidados médicos permanentes".

Essa unidade de saúde nota, aliás, que há uma partilha de responsabilidades, já que o encaminhamento de doentes para internamento no Hospital de Ovar, seja para estadia efetiva nesse equipamento ou no hospital de campanha que lhe está associado, "é permanentemente articulado com outras instituições de saúde" da região.

"O Hospital de Ovar não tem serviço de urgência, pelo que a referenciação em contexto urgente e agudo se faz por via do serviço de urgência e ou por articulação com a consulta da Área Dedicada à Covid-19 do Centro de Saúde", conclui.

Entre os 55.400 habitantes do concelho de Ovar, a autarquia registava na sexta-feira à noite 655 cidadãos infetados pela doença, o que representa mais 119 casos do que os apontados hoje pela Direção-Geral da Saúde. Ainda segundo a autarquia, os óbitos contabilizados no município eram já 35.