O plano, conforme definido pelo director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças e outras altas autoridades, exigirá uma dose extra oito meses após as pessoas terem recebido a segunda dose da vacina Pfizer ou Moderna, e as terceiras doses podem começar a ser administradas já a 20 de setembro, avança a Associated Press (AP).
O plano está ainda a aguardar uma avaliação de segurança por parte da agência reguladora norte-americana (Food and Drug Administration – FDA) em relação à segurança e eficácia de uma terceira dose.
Segundo as autoridades sanitárias, também as pessoas que receberam a vacina de dose única Johnson & Johnson provavelmente precisarão de um reforço da vacinação, porém, sublinham, estão ainda a aguardar mais dados.
Em declarações, citadas pela AP, as autoridades de saúde explicam que é “muito claro” que a proteção das vacinas contra a covid-19 diminui com o tempo e, agora, com a variante Delta, que é altamente contagiosa, "estamos a começar a ver provas de protecção reduzida contra o desenvolvimento de doenças leves e moderadas".
“Com base na nossa última avaliação, a proteção atual contra doença grave, hospitalização e morte pode diminuir nos próximos meses”, afirmaram ainda.
Ao fazer o anúncio sobre os reforços, o CDC divulgou três estudos realizados durante a vaga associada à variante delta que sugerem que as vacinas continuam a ser altamente eficazes a evitar hospitalização, mas que a sua capacidade de prevenir a infecção está a diminuir acentuadamente entre os pacientes dos lares e outros.
OMS: "Estamos a dar coletes salva-vidas a pessoas que já os têm, enquanto outras estão a morrer afogadas"
A Organização Mundial da Saúde (OMS) condenou hoje que os países mais ricos avancem com o reforço da vacinação contra a covid-19 quando os países mais pobres ainda nem sequer vacinaram a sua população.
"Estamos a dar coletes salva-vidas a pessoas que já têm coletes salva-vidas, enquanto [outras] pessoas estão a morrer afogadas, esta é a realidade", criticou, numa referência ao fosso entre os países mais ricos e os países mais pobres, o diretor-executivo do Programa de Emergências de Saúde da OMS, Michael Ryan, na videoconferência de imprensa regular da organização sobre a evolução da pandemia da covid-19.
"Estamos a deixar milhões de pessoas sem nenhuma proteção", enfatizou.
A OMS reiterou que os dados científicos à data não suportam a necessidade de administração generalizada de doses adicionais de vacinas.
"Vamos tomar as decisões com base nos dados científicos", apelou a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, assinalando que são precisos mais dados científicos para se saber quando e a que grupos populacionais será necessário reforçar a vacinação.
De acordo com a OMS, os "poucos dados" de que dispõe "sugerem a redução da eficácia da proteção" das vacinas "em relação à doença ligeira", mas "não em relação à prevenção da doença grave".
"Não sabemos se as doses de reforço farão uma grande diferença na doença grave e morte. Sabemos que vacinar o maior número possível de pessoas salvará vidas", disse Bruce Aylward, responsável na OMS pelo Covax, mecanismo de distribuição universal e equitativa de vacinas contra a covid-19, ao qual, voltou a lamentar, continuam a não chegar doses suficientes para dar aos países mais pobres.
Em 4 de agosto, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu uma moratória sobre as doses de reforço, "pelo menos até ao fim de setembro", para que os países pobres pudessem imunizar a sua população.
Hoje, voltou a lembrá-lo, realçando que estes países, que "nem mesmo foram capazes de vacinar os profissionais de saúde, estão agora a enfrentar grandes picos" de casos. Tedros Adhanom Ghebreyesus recordou que os países mais pobres vacinaram apenas 2% da sua população.
"A injustiça vacinal é uma vergonha para toda a humanidade e se não a enfrentarmos juntos, prolongaremos o estado agudo desta pandemia por anos, quando poderia acabar numa questão de meses", apontou.
Numa tentativa de conter a disseminação da variante Delta do novo coronavírus, mais contagiosa, vários países, como Estados Unidos, Alemanha, França e Bélgica, anunciaram que vão avançar com a administração de uma terceira dose às pessoas mais vulneráveis, como idosos e imunodeprimidos.
Israel foi o primeiro país do mundo a dar uma terceira dose, administrando-a pessoas a partir dos 50 anos. Apoiando-se nos dados científicos e técnicos à data, o regulador português do medicamento afastou, em 23 de julho, a necessidade da administração de doses adicionais, embora o país tenha acautelado essa eventualidade com a compra de mais vacinas.
Hoje, a OMS esclareceu que o aumento de infeções com o coronavírus que causa a covid-19 está a ocorrer, sobretudo, em países com "baixa cobertura vacinal" e com "uso inconstante de medidas de saúde pública", propiciando a disseminação da variante Delta.
Atualmente, existem quatro variantes do SARS-CoV-2 consideradas preocupantes pela OMS, sendo a Delta a mais transmissível.
Especialistas e farmacêuticas têm sublinhado que as vacinas em circulação contra a covid-19 são eficazes, mesmo com as variantes, na prevenção da doença grave e morte.
Contudo, as vacinas não evitam a infeção e a transmissão do vírus.
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