O voo, que estava inicialmente previsto para terça-feira, foi organizado por Espanha, para transportar cidadãos europeus, entre eles portugueses, que tinham ficado retidos na Venezuela devido à restrição de voos decorrente da pandemia do novo coronavírus.
O avião partiu de Maiquetía depois das 17:00 locais (21:00 em Lisboa).
As fontes nada disseram sobre o número total de passageiros no voo.
Antes de embarcar, um dos passageiros, Jerónimo Neves, explicou à agência Lusa que o grupo de portugueses estava a ser acompanhado pelas autoridades consulares locais portuguesas, salientando que “foram de grande ajuda”.
“Dos consulados de Caracas e Valência estiveram a acompanhar-nos e também do consulado [honorário em Maracay]. Vamos para Madrid e daí apanharemos um autocarro até Lisboa. Já temos o salvo-conduto para isso”, declarou.
"Ao chegar a Portugal, como vou de fora e entraremos pela Espanha, deveremos fazer quarentena, devido ao coronavírus", referiu.
Jerónimo Neves explicou que viajou desde Maracay (110 quilómetros a oeste de Caracas) na manhã de hoje e que pôde aceder ao aeroporto por ter um salvo-conduto emitido pelo Ministério de Defesa da Venezuela, país está em quarentena preventiva e restringiu a circulação de pessoas e viaturas.
Natural de Vila do Conde, Jerónimo Neves faz parte de um grupo de seis portugueses que viajaram para Caracas no dia 11 de março e tinham regresso marcado para 15, data em que a Venezuela já tinha suspendido os voos e encerrado as fronteiras.
“Somos seis pessoas, cinco da família e um amigo. Fomos ‘agarrados’ aqui por uma situação muito triste, lamentável”, disse Jerónimo Neves à Lusa, explicando que um dos seus filhos, que estava de férias na Venezuela, morreu subitamente e tiveram de esperar pelos familiares para fazer a cremação.
Jerónimo Neves adiantou que o voo de 15 de março, na Ibéria, via Madrid, Espanha, através do qual esperava chegar a Portugal, foi cancelado e tiveram de comprar novos bilhetes para a transportadora Air Europa, que também cancelou o voo.
“Nós pagámos duas vezes o regresso, mas não acredito que as companhias nos reembolsem o dinheiro. Talvez nos deem um tempo para fazer outro voo”, afirmou, sublinhando que esta situação os deixou também em dificuldades económicas.
Jerónimo Neves referiu que é diabético e hipertenso e que levou medicamentos para apenas os quatro dias da viagem, tendo tido dificuldades em conseguir localmente o que precisava.
Na Venezuela estão oficialmente confirmados 107 casos de pessoas infetadas com o novo coronavírus e uma morte
A Venezuela está desde 13 de março em “estado de alerta”, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia.
O “estado de alerta” foi decretado por 30 dias, que podem ser prolongados por igual período.
Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.
Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena, estando impedidos de circular livremente entre os vários estados do país.
As clínicas e hospitais estão abertos, enquanto farmácias, supermercados, padarias e restaurantes estão a funcionar em horário reduzido, com estes últimos a vender apenas comida para fora.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 505 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 23.000.
Dos casos de infeção, pelo menos 108.900 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
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