As 12 “preocupações, sugestões e propostas” para “medidas de emergência em face da crise pandémica” do grupo municipal do Bloco de Esquerda, divulgadas em comunicado, foram enviadas por carta, datada de hoje, ao presidente da autarquia, o independente Rui Moreira.
Na missiva, o BE assinala “o papel desempenhado pela Câmara do Porto na resposta à crise, e aconselha ainda o recurso a motoristas e viaturas “não adjudicados a atividades essenciais” para “transporte de recolha e entrega de medicação crónica apenas disponível em farmácias hospitalares”.
O BE defende a “articulação com os serviços hospitalares para garantir que os internamentos sociais têm alta hospitalar para equipamentos autárquicos, garantido seguimento em contexto de hospitalização domiciliária e seguimento dos serviços sociais”.
“Manter os compromissos contratualizados e de financiamento assumidos com associações, cooperativas ou micro e pequenas empresas para a realização de eventos culturais, desportivos, de animação turística ou outros, que tenham sido cancelados ou adiados por causa do surto de Covid-19” é outra das propostas.
O grupo do BE na Assembleia Municipal do Porto quer também que a Câmara garanta “a confeção de refeições para as crianças de escalão A e B da ação social escolar, distribuindo, em serviço de 'take-away', pequeno-almoço, almoço e lanche a quem necessitar”
A intenção é garantir que as crianças “cumprem o normal equilíbrio nutricional, atendendo a que muitas delas dependem da escola para uma alimentação de qualidade”.
Através da Polícia Municipal, em articulação com a Proteção Civil e/ou bombeiros, o BE sugere que se façam “rondas nas Ilhas da cidade e no chamado ‘Porto Escondido’ para “levantamento de necessidades nessas zonas particularmente frágeis da cidade, incluindo ao nível das condições de habitabilidade das pessoas”.
“Ativar medidas de proteção específicas para as pessoas consumidoras de drogas e outras pessoas em especial situação de vulnerabilidade, em articulação com as organizações de terreno e com a ARS [Administração Regional de Saúde]-Norte, nomeadamente assegurando os materiais necessários para a manutenção das respostas (luvas, máscaras, lenços de papel, toalhetes de álcool)” é outra das sugestões do BE.
Os bloquistas observam ainda a importância de mobilizar o “edificado municipal, equipamento do Estado e/ou garantir o acesso a camas no setor privado de alojamento para o acolhimento temporário de algumas destas pessoas” mais vulneráveis.
O BE chama a atenção para a importância de “garantir a devida prestação de cuidados, que no caso de não ser assegurado põe em causa da vida destas pessoas e a saúde pública”.
Para o BE, a Câmara deve ainda identificar as “ necessidades de alojamento por parte das famílias em fila de espera na Domus Social [empresa municipal], articulando com o Estado e com o setor privado respostas de urgência”.
O grupo municipal pede, também, a “suspensão das rendas nos parques habitacionais municipais e de eventuais despejos”.
Defende, ainda, a ausência de “qualquer corte por parte das Águas do Porto, sem que tal se traduza em penalizações, multas e juros de mora por atraso de pagamento” e “admitindo a gratuitidade do consumo essencial (determinado por escalões de consumo e número de pessoas do agregado)”.
“Garantir aos profissionais de saúde, forças de segurança e bombeiros um alojamento condigno e gratuito na zona onde estão a trabalhar, caso o requeiram, podendo ser mobilizadas, entre outras, unidades hoteleiras agora disponíveis” é também proposta pelo BE.
O BE aponta ainda para a articulação com juntas de freguesia e organização para identificar pessoas “em condição de isolamento e com dificuldades de apoio imediato”, o “reforço dos serviços de apoio domiciliário existentes” e a “organização das respostas de base cívica e comunitária e das redes de solidariedade que se estão a formar” para “tarefas como a realização de compras, entrega de refeições, recolha e entrega de medicamentos ou passeio de animais domésticos”.
Para “prevenir e combater a violência doméstica e de acompanhar crianças em risco”, o BE quer “a articulação de uma resposta extraordinária de apoio às vítimas de violência doméstica, garantindo que as redes existentes não ficam sem meios” e a eventual mobilização do edificado municipal para acolher “pessoas e famílias vítimas de violência doméstica”.
O número de quartos disponíveis no Porto para profissionais de saúde, para evitar o risco de contágio às famílias, ultrapassava na sexta-feira os 300, mais 120 que há quatro dias, informou o município, que diariamente articula a disponibilidade de quartos com os hoteleiros da cidade e envia a lista atualizada às administrações hospitalares e à Ordem dos Médicos.
Na quarta-feira, o presidente da Câmara do Porto disse ser vontade do município recolher todos os sem-abrigo devido à pandemia da Covid-19, garantindo existir capacidade no Centro de Acolhimento Temporário Joaquim Urbano para aumentar a resposta.
O centro de rastreio móvel à Covid-19 instalado no Porto realizou, desde segunda-feira e até ao início de quarta-feira, 141 testes.
Portugal elevou hoje para 12 o número de mortes associadas ao vírus da covid-19, segundo o boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS), que regista 1.280 casos confirmados de infeção.
Estão confirmadas quatro mortes na região Norte, quatro na região Centro, três na região de Lisboa e Vale do Tejo e uma no Algarve, precisa o boletim epidemiológico divulgado hoje, com dados referentes até às 24:00 de sexta-feira.
Segundo estes dados da DGS, há mais 260 casos confirmados de infeção com o novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, do que na sexta-feira.
O número de mortos duplicou em relação a sexta-feira, quando foram registadas seis mortes, indicam os dados, que dão conta de que cinco doentes já recuperaram.
Desde 01 de janeiro existem 9.854 casos suspeitos, dos quais 1.059 aguardam resultado laboratorial. Houve ainda 7.515 casos que não se confirmaram.
O número de contactos em vigilância pelas autoridades de saúde subiu para 13.155, mais 4.147 face a sexta-feira, refere o relatório da situação epidemiológica em Portugal.
A região Norte é a que regista o maior número de infeções (644), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (448), da região Centro (137), do Algarve (31) e do Alentejo (3).
Os dados da DGS apontam que 33 casos resultam da importação do vírus de Espanha, 24 de França, 20 de Itália, nove da Suíça, quatro do Brasil, três do Reino Unido, três dos Países Baixos, dois de Andorra, dois dos Emirados Árabes Unidos, um da Bélgica, outro da Alemanha e Áustria, um da Índia e outro do Irão.
Segundo a DGS, 22% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas febre, 17% dores musculares, 14% cefaleias, 11% fraqueza generalizada, 10% tosse e 9% dificuldade respiratória.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira.
O estado de emergência proposto pelo Presidente prolonga-se até às 23:59 de 02 de abril.
O novo coronavírus já causou pelo menos 11.401 mortos em todo o mundo e foram detetados mais de 271.660 casos de infeção em 164 países e territórios.
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