Em declarações à Lusa, o vereador da Câmara Municipal de Lisboa responsável pelo pelouro da Ação Social, Manuel Grilo, adiantou que a autarquia decidiu suspender a realização das duas feiras, que se realizam semanalmente ao domingo, entre as 07:00 e as 14:00, enquanto o país estiver “em crise de Covid-19”.

“É necessário evitar grandes ajuntamentos”, salientou Manuel Grilo (BE, partido que tem um acordo de governação da cidade com o PS).

Por isso, acrescentou, “as feiras vão ter que encerrar amanhã [domingo]” e, como não houve tempo para avisar os comerciantes, que vão ter produtos frescos à venda, como legumes e fruta, entre outros, a Câmara de Lisboa irá comprá-los.

“Vamos aproveitar e comprar todos os frescos que estariam à venda nas feiras das Galinheiras e do Relógio e vamos, centralizadamente, distribuir depois todos esses frescos pelo conjunto das associações que em Lisboa cozinham para os sem-abrigo ou outros fins sociais”, afirmou o autarca.

A distribuição dos bens às associações será feita a partir das 10:00.

“Será um apoio em espécie para um conjunto de associações que hoje estão com muitas dificuldades, há um conjunto de organizações, como a Refood e outras, que vivem muito à base do voluntariado. O voluntariado, como é compreensível, está neste momento a decair, há muita gente que teve de ficar em casa ou tinha tempo livre e deixou de ter tempo livre para dar à comunidade”, disse Manuel Grilo, defendendo que, por isso, “é necessário reforçar as associações que fazem um trabalho social importantíssimo na cidade de Lisboa”.

A venda de produtos não alimentares das feiras do Relógio e das Galinheiras também irá ser suspensa, mas a autarquia apenas irá adquirir os bens perecíveis, muitos deles de agricultores que fazem aí venda direta dos seus produtos.

“Tudo aquilo que são frescos seria desperdiçado, não podemos impor este sacrifício e este prejuízo aos comerciantes, a Câmara Municipal de Lisboa chega-se à frente e vai comprar todos estes frescos aos comerciantes”, referiu Manuel Grilo, notando que os bens não alimentares podem ser guardados para serem vendidos mais tarde.

O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 5.700 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ultrapassou as 151 mil pessoas, com casos registados em 137 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 169 casos confirmados.

Em Portugal, a Ministra da Saúde, Marta Temido, declarou hoje que se entrou "numa fase de crescimento exponencial da epidemia", no mesmo dia em que a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou o número de casos de infeção confirmados para 169.

Em relação a sexta-feira, há mais 57 casos, o que corresponde ao maior aumento num dia em Portugal, que contabiliza 114 internados, dos quais 10 em unidades de cuidados intensivos.

O Governo declarou o estado de alerta no país, colocando os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão, e anunciou a suspensão das atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de segunda-feira.

A restrição de funcionamento de discotecas e similares, a proibição do desembarque de passageiros de navios de cruzeiro, exceto dos residentes em Portugal, a suspensão de visitas a lares em todo o território nacional e o estabelecimento de limitações de frequência nos centros comerciais e supermercados para assegurar possibilidade de manter distância de segurança foram outras das medidas aprovadas.