“Agora é tempo de ação. É tempo de solidariedade. É tempo de ‘eurobonds’”, pode ler-se na carta aberta ao Conselho Europeu assinada por Marina Costa Lobo, Francisco Louçã, Amílcar Moreira e Alexandre Afonso, e por economistas e académicos internacionais, como Thomas Piketty, Mark Blyth, Gabriel Zucman, Giovanni Dosi, Alan Kirman ou Andrew Moravcsik.
Os cerca de 300 académicos afirmam que, no contexto da crise económica causada pela covid-19, “nenhum Estado-membro deveria ter que recorrer a um ‘bail-out’ [‘resgate’ financeiro] ou assinar um novo memorando para acesso a fundos de emergência”.
“Isto é uma crise europeia, exige uma solução europeia. Assim, em vez de termos cada Estado-membro a emitir a sua dívida, apelamos ao Conselho Europeu para que emita um 'eurobond' comum. Precisamos de um instrumento comum de dívida para mutualizar os custos orçamentais no combate à crise”, pode ler-se no documento.
Como sustentação à sua posição, os signatários lembram que o Banco Central Europeu (BCE) “afirmou que faria o que for necessário” e “indicou que poderia usar as políticas monetárias necessárias e que financiaria e apoiaria o esforço orçamental”.
Também o governador do Banco de Portugal, num artigo publicado hoje no Jornal Económico, defende a emissão de ‘eurobonds’ para enfrentar a crise económica causada pela pandemia causada pelo novo coronavírus.
O BCE aprovou na quarta-feira compras de ativos no valor de 750 mil milhões de euros para tentar conter as graves consequências económicas da covid-19, foi anunciado.
O Conselho de Governadores do BCE reuniu-se de emergência por telefone depois de a habitual reunião de política monetária da semana passada ter aprovado medidas, como compras adicionais este ano de 120 mil milhões de euros de dívida pública e privada, que não foram consideradas suficientemente ambiciosas.
A presidente do BCE disse na quarta-feira esperar uma recessão considerável na zona euro devido ao impacto económico da pandemia de covid-19.
Num artigo de opinião publicado em vários jornais, Christine Lagarde disse que, com uma grande parte da atividade económica parada, o que qualificou como um “choque económico extremo”, o resultado será a economia da zona euro “contrair-se consideravelmente".
Neste contexto, a presidente do BCE afirmou que é preciso uma “resposta ambiciosa, coordenada e urgente”, e que a instituição que lidera irá fazer “tudo o que for necessário no âmbito do mandato para ajudar a área do euro a atravessar esta crise”, uma vez que o “BCE está ao serviço dos cidadãos europeus”.
Hoje, vários bancos centrais, incluindo a Reserva Federal (Fed) norte-americana, o BCE, o Banco do Japão e o Banco de Inglaterra, anunciaram uma ação coordenada para facilitar o acesso a dólares.
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