"Os números anunciados [no domingo] são mais baixos do que os do dia anterior. Espero, e todos esperamos, que esses números possam ser confirmados nos próximos dias. Mas não devemos baixar a guarda", disse o chefe da Proteção Civil italiana, Angelo Borrelli.
Itália registou no domingo 651 novas mortes ligadas à pandemia do novo coronavírus, menos 142 que no sábado (793). No que toca ao novo número de casos de infeção, 6557 no domingo, o número também caiu para 5560 casos.
Na Lombardia, a região que está a pagar o preço mais alto pela pandemia, os números, também mais baixos, foram recebidos com cautela.
"Os dados estão em claro-escuro. Hoje, a clareza prevalece (...) mesmo que não possamos gritar vitória", declarou Giulio Gallera, secretário da Saúde do governo regional.
Estes números são "auspiciosos", mesmo que apenas "a partir de terça-feira possamos saber se a contenção foi bem-sucedida", duas semanas após a implementação das medidas nacionais de confinamento, anunciadas a 10 de março.
Giovanni Maga, virologista do Instituto de Genética Molecular do Conselho Nacional de Pesquisa de Pavia (Norte), enfatiza que "a evolução de casos positivos é, por vezes, flutuante".
"Teremos de esperar pelo menos dois a três dias para descobrir se essa é uma tendência real ou não", disse no canal Rai News 24.
O novo olhar de Itália sobre si mesma
Para aumentar as possibilidades conter a pandemia o mais rapidamente possível, que no último mês provocou a morte de quase 5500 pessoas, o governo prolongou esta segunda-feira, por decreto, as medidas de confinamento, paralisando todas as indústrias de produção não essencial e proibindo os italianos de se deslocarem de um município para outro, exceto em caso de "emergência absoluta" ou por "motivos de saúde".
O objetivo deste novo texto, o terceiro em duas semanas, é obstruir o máximo possível a circulação de pessoas, principalmente entre o Norte e o Sul, como ocorreu no fim de semana de 7 e 8 de março após a decisão de colocar 15 milhões de pessoas, do norte do país, em quarentena.
Nesses dois dias, milhares de pessoas que trabalham no norte correram para as estações de comboios para se poderem juntar às suas famílias na Campânia (região de Nápoles) ou Apúlia (o "calcanhar" da bota), durante esta quarentena, contribuindo assim para a disseminação do vírus nessas regiões, não tão bem preparadas em termos de infraestruturas.
No entanto, hoje, a grande maioria dos italianos parece aceitar e respeitar as medidas restritivas, como mostram as ruas desertas das principais cidades italianas, longe das multidões observadas há duas semanas nas praias ou nos parques.
Como tem feito há vários dias, o governador da Lombardia Attilio Fontana considerou nesta segunda-feira o decreto como "muito fraco", surpreendido, por exemplo, com hotéis e zonas de obras abertas no resto do país, ao contrário da sua região.
Em plena crise de saúde, o apoio à ação do chefe de governo, Giuseppe Conte, atingiu "alturas sem precedentes": 71% de opiniões favoráveis contra 52% em fevereiro, observou o diário La Repubblica no final da semana.
A mesma sondagem revelou que 94% dos inquiridos consideram as medidas adotadas pelo executivo como "positivas", até "muito positivas", desde o encerramento das escolas até à cessação das atividades comerciais, inclusive a limitação da circulação de pessoas.
Para 46% destes, Itália está-se a sair melhor do que outros países europeus perante esta crise histórica.
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