“Qual país do mundo que está tratando bem o negócio da covid-19? Me aponte um. Todo lugar está morrendo gente. Mas aqui virou uma guerra contra o Presidente (…) Esses caras que querem me derrubar, o que vocês fariam no meu lugar?”, questionou Bolsonaro aos seus apoiantes junto ao Palácio da Alvorada, em Brasília.
“Parece que só morre de covid-19 [no Brasil]. Os hospitais estão com 90% da UTI [unidade de tratamento intensivo] ocupada. O que a gente precisa fazer? Condição de covid, condição de outras enfermidades. Lógico que a gente quer solução. A gente lamenta qualquer morte”, acrescentou.
A declaração do chefe de Estado brasileiro acontece na sequência de o país registar sucessivos recordes de mortes provocadas pelo SARS-CoV-2, causador da covid-19.
Na quarta-feira, o Brasil registou um novo recorde diário de 90.303 casos da doença.
O recorde anterior de novos casos em 24 horas havia sido alcançado em 07 de janeiro, quando as autoridades de saúde locais contabilizaram 87.843 diagnósticos de infeção.
Em relação aos óbitos, os números da quarta-feira (2.648) apenas são superados pelos de terça-feira, dia em que o país sul-americano chegou a 2.841 vítimas mortais, naquele que é o momento mais crítico da pandemia.
Neste momento, a nação sul-americana, com 212 milhões de habitantes, totaliza 284.775 mortes e 11.693.838 casos de infeção pelo novo coronavírus, sendo o segundo país no mundo com mais óbitos e diagnósticos positivos, apenas atrás dos Estados Unidos.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), maior centro de investigação da América Latina, considerou que o Brasil vive “o maior colapso sanitário e hospitalar de sua história” e pediu ao Governo que endureça “com urgência” as medidas contra a pandemia.
Perante o atual cenário da pandemia, a Fiocruz divulgou uma edição especial do boletim extraordinário do Observatório Covid-19 na terça-feira frisando que “a análise chama atenção para os indicadores que apontam uma situação extremamente crítica em todo país”.
De acordo com o levantamento, o sistema público de saúde brasileiro de 25 dos 27 estados do país registou taxas de ocupação das camas de UTI, destinadas ao tratamento de pacientes graves, iguais ou superiores a 80%, e em 15 regiões já superaram 90% de sua capacidade, situação “absolutamente crítica”.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.682.032 mortos no mundo, resultantes de mais de 121,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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