Em comunicado divulgado hoje, o lar da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, no distrito de Lisboa, diz não ser verdade que “um corpo de um falecido tenha permanecido mais de 24 horas num quarto” e que os doentes não dormiram no quarto com um cadáver.
Segundo uma reportagem emitida no sábado pela TVI, um corpo terá ficado mais de 24 horas numa cama, à espera de ser recolhido, ao lado de outros utentes num dormitório, segundo revelaram auxiliares.
“[…] Os demais colaboradores sabiam do acontecido e de que não poderiam deitar os outros residentes enquanto o corpo fosse retirado. Tal atuação incorreta por parte de quem permitiu a abertura do quarto permitiu a entrada de doentes indefesos mental e fisicamente para o interior daquele quarto”, escreveu a direção do lar.
De acordo com o Centro de Apoio Social do Pisão (CASP), o quarto encontrava-se fechado à chave e é desconhecido o verdadeiro motivo e o propósito para “um ou mais funcionário” o terem aberto.
“Desconhecemos o motivo pelo qual abriram o saco onde se encontrava o corpo. Desconhecemos o motivo que os levou a executar estes procedimentos. Desconhecemos o motivo pelo qual gravaram um filme e o utilizaram por forma a manipular a verdade e denegrir a imagem desta instituição”, realçou.
Com um processo de averiguações iniciado, a direção do lar teve conhecimento da existência de um filme em 15 de dezembro que, segundo a entidade, a “reportagem da TVI extrai parte”.
“A direção do CASP comunicou à provedoria da Misericórdia de Cascais que de imediato desencadeou um processo de averiguações internas para perceber as circunstâncias do ocorrido, e que se encontra atualmente a decorrer, tendo sido simultaneamente apresentada uma denuncia às entidades policiais por um dos elementos da direção por maus tratos e, eventualmente, profanação de cadáver”, salientou o Centro de Apoio Social do Pisão.
Acolhendo 340 utentes, sobretudo, do foro psiquiátrico em regime de internamento, o CASP encontra-se, de momento, com 89 pessoas infetadas com covid-19, sendo que três perderam a vida devido a um surto na instituição, segundo a TVI.
“Após as conclusões do processo de averiguações interno, serão extraídas todas as consequências jurídicas a nível disciplinar, civil e/ou criminal”, acrescentou a entidade.
Sobre a falta de equipamentos de proteção individual, a instituição explicou que os funcionários têm equipamento adequado, desde março, para se protegerem, e receberam formação para o utilizarem de forma correta.
“Não é verdade que ‘só há pouco tempo os funcionários tenham recebido fatos de proteção’ e que tratem de doentes com covid-19 de ‘apenas luvas e máscaras’”, afirmou o CASP, recordando que tem um plano de contingência elaborado desde o início da pandemia.
A instituição ressalvou que a reportagem exibida “faz eco de difamações, calunias e, eventualmente, divulga crimes perpetrados por alguém ou uma pequena minoria, alterando a realidade dos factos, com o sentido de denegrir esta instituição”.
“A direção do CASP e a Santa Casa da Misericórdia de Cascais irão sempre colaborar com as entidades competentes, para esclarecer os factos, em nome dos doentes, das suas famílias e em memória dos que falecerem; Daí todas as medidas serão tomadas no sentido de averiguar o sucedido e de, judicialmente, apurar todas as responsabilidades”, lembrou a entidade.
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