Em declarações à agência Lusa no final de uma reunião com a Ordem dos Enfermeiros, em Lisboa, Francisco Rodrigues dos Santos considerou que "quem tem o poder político precisa de desenvolver uma atuação que obedeça ao princípio da precaução e da prevenção”.

Pedindo uma “atuação mais objetiva e consistente por parte do Governo”, o líder centrista defendeu a contratação de mais recursos humanos – apontando que os enfermeiros “desempregados podem ser alocados a serviços fundamentais para conter o coronavírus” -, e pediu um maior “investimento em recursos materiais, como ventiladores, camas, que permitam que sejam comportadas todas as necessidades para fazer face às necessidades que vão surgir”.

“Consideramos também muito importante que os equipamentos de proteção individual estejam à disposição dos portugueses” e que as “instituições de saúde possam concretizar as medidas gerais que estão transpostas no plano nacional e adaptar nos seus fluxogramas todas as medidas que considerem oportunas”, reforçou.

Francisco Rodrigues dos Santos salientou também que “interessa, mais do que qualificar a forma como neste momento a resposta está a ser dada, que estes requisitos que neste momento são fundamentais possam ser preenchidos por parte do Governo através de uma maior investimento que, naturalmente, transcenderá aquela linha de 100 milhões [de euros] que foi apresentada pelo Governo”.

Na ótica do líder centrista, “Portugal tem feito o que está ao seu alcance para dirimir a ameaça e para baixar os níveis de tensão, de preocupação e de ansiedade”, mas apelou ao Governo que acolha a proposta do CDS para a criação de um gabinete de crise, que seria uma “voz de autoridade, de controlo e de comando”.

Este gabinete permitiria “uma coordenação integrada entre vários agentes e setores que estão particularmente afetados com esta crise, de modo a que possam ser articuladas e concertadas decisões à escala nacional, e a produção de medidas e de respostas que devidamente comunicadas em harmonia com a comunicação social, possam ser bem acolhidas” pela sociedade.

O CDS propõe que o gabinete de crise seja composto por membros do Governo, dos partidos com assento parlamentar, representantes do setor da indústria, do comércio e dos serviços, administradores hospitalares, das ordem profissionais dos médicos e dos enfermeiros e ainda representantes das direção escolares.

O presidente do CDS salientou que “Portugal atravessa um momento de emergência nacional que convoca os partidos políticos a usar do seu mais escrupuloso sentido de Estado e a utilizar uma cooperação institucional com o Governo para que sejam tomadas todas as medidas necessárias para atacar o surto do coronavírus”.

Dando exemplos das medidas tomadas pelo partido, Rodrigues dos Santos lembrou que o grupo parlamentar requereu a audição, na Assembleia da República, da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Enfermeiros e agendou para sexta-feira um de debate de atualidade sobre o combate a este surto.

Outra das propostas dos centristas foi a antecipação das férias escolares da Páscoa, decisão que será conhecida hoje à tarde, depois da reunião do Conselho Nacional de Saúde Pública.

“Uma vez que estamos na iminência das férias escolares da Páscoa, que possa haver uma antecipação das mesmas de modo a, com efeito útil, conseguirmos evitar o contacto em grande escala de um grande número de alunos e de professores”, notou, falando numa “medida protocolar, de contenção sanitária, que evite problemas maiores”.

O CDS mostrou-se ainda preocupado “com o impacto na saúde pública mas também na economia, que o coronavírus neste momento traz consigo”.

O número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus que causa a doença Covid-19 subiu para 59, mais 18 do que os contabilizados na terça-feira, anunciou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com o boletim sobre a situação epidemiológica em Portugal, divulgado hoje, há 471 casos suspeitos, dos quais 83 aguardam resultado laboratorial.

Segundo a DGS, há ainda 3.066 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.

Esta manhã, em audição no parlamento, a ministra da Saúde anunciou que a linha SNS 24 vai ser reforçada na sexta-feira com 81 enfermeiros para responder ao aumento de chamadas devido ao surto de Covid-19.