Matshidiso Moeti falava no encontro online com especialistas em saúde sobre a pandemia de covid-19, hoje dedicado à forma como os profissionais de saúde estão a ser atingidos pela doença.
Até ao momento, e apesar de a OMS reconhecer dificuldades no registo de profissionais de saúde afetados, estão notificados mais de 10.000 trabalhadores de saúde que foram infetados com o novo coronavírus.
Sobre estes profissionais, Moeti disse que é preciso saber, cada vez com mais rigor, como estão a ser tratados os que tratam dos outros.
“Os trabalhadores da saúde receiam levar o vírus para casa, sofrem pressões psicossociais por trabalharem 24 horas por dia e, em algumas comunidades, enfrentam o estigma e a discriminação”, disse.
De acordo com esta responsável da OMS para a região africana, neste continente um dos maiores desafios na proteção dos trabalhadores da saúde tem sido a escassez global de equipamento de proteção individual (EPI).
Isso mesmo corroborou Jemima Dennis-Antwi, uma especialista internacional em saúde materna e obstetrícia, oriunda do Gana, para quem “é altura das autoridades se aperceberem que qualquer paciente é um potencial infetado com covid-19”.
Para esta médica, os fatos de proteção individual são um verdadeiro desafio para os profissionais de saúde, não só pelas dificuldades que o seu uso acarreta, como também ao nível do acesso a este material.
No Gana, que contabiliza 28.989 infetados e 153 mortos, os profissionais de saúde com a covid-19 ascendem aos 2.000, disse.
“Os profissionais têm de proteger os doentes, a eles próprios, e aos seus familiares”, prosseguiu, alertando para os riscos que o confinamento aumentou ao nível da violência doméstica e também no controlo das doenças crónicas.
Individualmente, defendeu, a aposta tem de continuar a ser na aplicação dos protocolos de prevenção, como lavar as mãos com regularidade.
A ministra da Saúde do Burkina Faso, Leonie Claudine Lougue, que participou igualmente neste encontro online, sublinhou o “papel fundamental dos profissionais de saúde no combate à doença” desde que os primeiros casos foram registados neste país, a 9 março.
“Desde então, a segurança dos profissionais de saúde passou a ser uma prioridade” para o Governo do Burkina Faso, país com 1.065 infetados e 53 mortos devido à covid-19.
Por seu lado, o ministro da Saúde e da População da Serra Leoa, Alpha Wurie, mostrou-se confiante na recuperação dos infetados e explicou a importância das lições que o combate ao vírus do Ébola para a luta contra o novo coronavírus.
Este país sofreu um surto de Ébola entre 2014 e 2016 e registou os primeiros casos de covid-19 relativamente mais tarde que muitos outros países: a 31 de março. Atualmente contabiliza 1.727 casos e 66 mortos.
Segundo Alpha Wurie, os profissionais de saúde naquele país estão a ser alvo de grande cuidado, mas seis já morreram devido à covid-19.
Tal como nos encontros anteriores sobre a pandemia em África, Matshidiso Moeti defendeu uma frente comum contra a doença, apelando à solidariedade para com os países com menos meios.
Segundo afirmou, a OMS está a seguir a oferta de material de prevenção que está a chegar ao continente, como máscaras e fatos, e reiterou o comprometimento para que seja devidamente distribuído e utilizado.
Segundo Matshidiso Moeti, “a diáspora africana tem estado significativamente envolvida em ajudar a divulgar informação, formação e a melhorar as competências. Mobilizaram também apoio para a resposta na região”, disse.
Em África, foram infetadas 771.160 pessoas e 16.432 morreram devido à doença.
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