"Os hospitais e serviços de urgência da região estão todos em rutura. Além do número de doentes que entram, junta-se o problema dos que não conseguem sair por falta de vaga no internamento", retratou Carlos Cortes, em declarações à agência Lusa.
O médico e dirigente considera que se vive uma situação de "catástrofe, absolutamente dramática de rutura dos serviços", salientando que as unidades de saúde já estão a "selecionar os doentes mais graves", em prejuízo dos doentes não covid.
Segundo o presidente da SRCOM, "só os doentes mais graves com covid-19 têm acesso aos cuidados intensivos", contrariamente ao que se passava antes de o "sistema entrar em rutura".
"Era importante existirem hospitais de retaguarda, veja-se o caso de Coimbra: só hoje entra em atividade o centro de Saúde Militar", referiu Carlos Cortes, sublinhando que "não existem hospitais de campanha".
Para o dirigente, o país e a região Centro estão com números "impressionantes e a reação é frouxa, parece que há medo de reagir".
"O número de casos na região Centro tem aumentado desde o final do ano passado e está, neste momento, com tendência de forte crescimento. No final de dezembro, a média rondava os 600 a 800 casos diários e, atualmente, estamos a atingir o patamar dos 2.000 casos diários", refere.
A SRCOM entende que "as tímidas medidas definidas para este confinamento são, para utilizar um termo muito caro à Direção-Geral da Saúde, completamente desproporcionadas face à falência das instituições de saúde e ao caos que, pouco a pouco, se está a instalar".
O responsável considera uma "irresponsabilidade" manter as escolas abertas, frisando que é um erro que se vai "pagar caro".
Carlos Cortes salienta ainda que o Governo tornou a situação "mais explosiva", ao decidir abrir os espaços de Atividades de Tempos Livres (ATL), que, na sua opinião, vão contribuir para "disseminar mais o vírus, pois está provado que as crianças são fatores de transmissão importantes".
O presidente da SRCOM lamenta ainda que não se esteja a dar a devida atenção a patologias graves não covid-19 devido à "hiperfocalização do Serviço Nacional de Saúde" nos doentes da pandemia".
"Devíamos estar a tratar as pessoas de acordo com a gravidade da sua patologia e isso não está a ser feito", sublinhou, exortando os responsáveis do Ministério, da Direção-Geral da Saúde e da Administração Regional de Saúde do Centro a implementarem medidas "mais restritivas e corajosas" e a "não permitirem, sob qualquer pretexto, que os doentes com outras patologias graves e prioritárias possam ser discriminados".
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