Encerrado desde 15 de março, como todos os monumentos tutelados pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), o Museu dos Coches recebe anualmente cerca de 300 mil visitantes, 70% estrangeiros, para ver a mais importante coleção mundial de coches e carruagens reais do século XVI ao século XIX.

"Os museus vão ter uma perda brutal de receitas com esta crise provocada pela pandemia da covid-19, mas tinham mesmo de encerrar. Era preciso proteger os visitantes e os funcionários", admitiu hoje a diretora do museu, Silvana Bessone, contactada pela agência Lusa.

Após o encerramento, segundo a diretora, todos os museus nacionais passaram a ter vigilância de 24 horas, recorrendo a empresas privadas, para assegurar que os seus acervos não sofrem roubos ou vandalismo, e, além destes, apenas as trabalhadoras da limpeza entram no museu.

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"Todos os funcionários foram para casa, e parte deles está em teletrabalho", indicou a diretora sobre o pessoal do museu, desde vigilantes, que não podem continuar a zelar pelas peças, pessoas com crianças a cargo até aos 12 anos, ou com doenças crónicas.

Mantêm-se em teletrabalho os técnicos superiores e os administrativos que o podem fazer.

Só quatro pessoas têm acesso ao Museu dos Coches em caso de necessidade, entre elas a diretora e especialistas ligados à conservação e restauro.

Todos os projetos de restauro estão parados, e os empréstimos de obras idem, revelou Silvana Bessone à Lusa.

"Uma cadeirinha está emprestada à Santa Casa da Misericórdia para exposição, e deverá lá permanecer, mas temos confiança que ficará bem cuidada. Não temos peças no estrangeiro. Tudo isso parou com a crise", disse.

Neste momento difícil em que ninguém pode visitar fisicamente o museu, o serviço educativo esforça-se por reforçar os conteúdos ´online´ e assim manter a ligação com o público na sua apresentação virtual.

Quem quiser continuar a visitar o museu pode fazer as visitas ´online´, há iniciativas para interagir com o acervo, imagens de coches para as crianças pintarem, um ´peddy paper´ também virtual e filmes sobre restauro.

"Estamos todos a fazer o possível para manter a ligação com o público e mostrar a coleção, que também está disponível para visita através do Google Arts & Culture", recordou.

Neste sentido, o museu "continua vivo e ativo", para mostrar uma coleção de cerca de 9.000 objetos, que inclui predominantemente viaturas de gala ou de aparato, algumas de viagem e de passeio, dos séculos XVI a XIX, e acessórios de cavalaria.

Ali se encontram alguns dos coches mais antigos do mundo, e também berlindas, carrinhos de passeio, liteiras, cadeirinhas, carros de caça, viaturas urbanas, caleças e mala-postas.

Tanto o edifício novo, inaugurado em 2015, e desenhado pelo arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, que guarda a maior parte da coleção, como o antigo edifício, o Picadeiro Real, inaugurado como museu em 1905, estão encerrados ao público, e ainda não há data previsível de reabertura.

"Esta crise da pandemia apanhou todos de surpresa. Os museus vão ter uma perda brutal de receitas", lamentou a diretora do museu, acrescentando que "a classe média vai ser muito afetada e passará a viajar menos", referindo-se ao facto desta coleção ser visitada anualmente por muitos milhares de estrangeiros.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%).

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, mantém-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.

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