A baixa densidade populacional dá uma sensação de segurança aos alunos de concelhos como Torre de Moncorvo ou Miranda do Douro, situados nos dois extremos do Douro Superior, distrito de Bragança, verificando-se uma baixa concentração de pessoas e de veículos junto às escolas, sem tempos de espera ou ajuntamentos desnecessários.
"As deslocações são curtas e o tempo de espera é reduzido. É só deixar os filhos e circular. É uma vantagem dos meios pequenos", afiançam os encarregados de educação que falaram com a Lusa.
Pais, encarregados de educação, professores e alunos garantiram que "há uma outra qualidade de vida e mais segurança para os alunos face pandemia, apesar de alguns focos de covid-19 que vão sendo registados nestes territórios".
Nos transportes escolares, os alunos relataram que "a viagem é pacífica e quando se chega à escola não se verificam filas de trânsito, nem há períodos de espera ou concentração de pessoas”.
A entrada na escola é efetuada “mais à vontade", descreveram.
Lúcia Ferreira, aluna do 12.º ano do Agrupamento de Escolas de Torre de Moncorvo espera pelo autocarro na paragem do Carvalhal. Tem pela frente uma viagem que dura pouco mais de 20 minutos e não esconde o receio de um possível contágio.
Mas, afirmou, "com menos contactos, as probabilidades contrair uma infeção por covid-19 são menores".
"Esta é uma nova realidade à qual nos temos de adaptar. O movimento não é muito, consegue manter-se o distanciamento e todos usam máscara, havendo qualidade de vida", observou a aluna.
Já Tiago Ferreira, aluno do 9.º ano, admite que poderia haver mais regras para evitar o contágio, mas destaca a existência de um maior distanciamento social que dá às pessoas um pouco mais de liberdade de movimentos.
"Aqui vivemos melhor que nas grandes cidades. Tudo é mais simples ", atirou Patrícia Menezes, enquanto se deslocava para a secundária em conjunto com três ou quatro colegas.
Quanto aos pais que utilizaram viatura própria para levar os filhos escola, apesar de haver espaço para estacionamento, não demoram mais de um ou dois minutos no local, regressando de novo às suas rotinas.
Já a pequena Leonor, uma aluna de seis anos, mostrava no rosto o despertar para um mundo novo.
São primeiros dias de escola desta criança que fazia acompanhar pela mãe, que a entregou à porta da escola do 1.º ciclo Visconde Vila Maior, onde os funcionários a encaminharam à sala com um movimento descontraído pleno de sorrisos.
Uma dezena de metros mais acima, fica a Escola Secundária Dr. Ramiro Salgado para onde se dirigem os alunos do segundo terceiro ciclos.
Circulam de forma relaxada, colocam conversa em dia e falam deste "deste novo regresso à escola" que nas imediações não tem pastelarias ou cafés.
Abel Cândido, o porteiro do estabelecimento de ensino há algumas dezenas de anos, conhece-os todos.
No seu posto de trabalho, à entrada, cumprimenta os alunos e vai lembrando as regras de segurança em vigor.
Tudo está organizado nas imediações das escolas, perante o olhar atento da GNR, que regulariza o trânsito e entrada e saída de autocarros, bem como estacionamentos indevidos.
Este agrupamento de escolas tem pouco mais 550 alunos.
À chegada aos Agrupamentos de Escolas de Miranda do Douro, numa manhã fria que já parece de outono, os autocarros vão chegado de forma intermitentes e os alunos de máscara colocada aproximam-se da entrada, onde uma funcionária os "obriga" a desinfetar a mãos.
Mas há sempre um motivo para um pouco de conversa e um desabafo: "Ó rapariga, com essa máscara nem te conhecia", gracejava a funcionária, enquanto cumpria a função.
Soraia Correia foi uma das primeiras alunas a chegar à escola de Miranda do Douro, pouco passava das 08:30, e garantiu que o movimento de chegada dos alunos não durava mais de vinte minutos, porque os grupos eram pequenos.
"Estamos num ambiente descontraído e não sentimos muita pressão. Acho que é muito diferente em relação a outras escolas que estão no Porto ou Lisboa", observou.
A Escola Secundária de Miranda do Douro é frequentada por cerca de 300 alunos.
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