Contactado hoje pela agência Lusa, o investigador do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) afirmou que esta nova linhagem está em estudo e ainda não foi classificada como variante de interesse ou de preocupação pelas autoridades internacionais, nomeadamente a Organização Mundial da Saúde.

“Ela emergiu na África do Sul e pensa-se que possa estar associado à elevada taxa de positividade que está agora reportada naquele país”, havendo alguns “casos esporádicos” nos países vizinhos, nomeadamente no Botsuana, adiantou João Paulo Gomes.

“Nós continuamos a fazer a vigilância contínua das variantes e nunca até hoje identificamos qualquer caso de infeção associado a esta linhagem”, assegurou.

Segundo o microbiologista, é uma linhagem que preocupa a comunidade científica, porque se caracteriza pela presença simultânea de “um anormal número de mutações na proteína de interesse, a proteína ‘Spike’”.

“Muitas dessas mutações estão na zona de ligação às nossas células e outras são mutações conhecidamente associadas à falha de ligação aos anticorpos e, portanto, o problema desta nova linhagem é que tem muito mais mutações destas do que as outras variantes que nos preocuparam até agora”, explicou.

Ressalvou, contudo, que não é por ter a presença simultânea destas mutações relevantes que faz com que seja “mais transmissível ou com associação a falhas vacinais”.

“Temos que dar tempo ao tempo. É um motivo de preocupação naturalmente, mas não é motivo de alarme total”, considerou.

“É importante que os países façam a sua monitorização, estejam atentos e prontos e vamos ver até que ponto é que ela tem algum impacto não desejável”, acrescentou.

O especialista disse ainda que concorda com a medida anunciada pelo Governo de que quem viaja para Portugal tem obrigatoriamente que apresentar um teste negativo, mesmo que esteja vacinado e lembrou que alguns países, nomeadamente o Reino Unido, “nem sequer permite voos originários da África do Sul e do conjunto de países vizinhos para evitar qualquer tipo de introdução”.

João Paulo Gomes lembrou que a África do Sul já foi incubadora de uma variante de preocupação, a variante Beta. que não teve uma disseminação muito vincada por todo o mundo, não passou dos 5%.

No entanto, estima-se que tenha atingido cerca de 90 a 95% de todos casos de infeção na África do sul.

“Agora, obviamente, dado o tipo de mutações que esta nova linhagem tem, a última coisa que queremos é que ela se dissemine pelo resto do mundo e, portanto, acho que temos de ter precaução”.

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