O diretor geral da organização, Tedros Ghebreyesus, afirmou que a pandemia "levou ao uso acrescido de antibióticos, que levará, em última instância, a taxas de resistência microbiana mais altas que terão impacto nas doenças e mortes durante a pandemia e para além dela".

A OMS está preocupada com "o uso incorreto de antibióticos" [que não servem para tratar infeções virais como a covid-19] durante a pandemia e salienta que "apenas uma pequena proporção de pessoas doentes com covid-19 precisará de antibióticos para tratar infeções bacterianas subsequentes".

Nas suas orientações clínicas, a agência de saúde da ONU recomenda que "não se aplique terapia ou profilaxia com antibióticos a doentes com covid-19 ligeira" a não ser que haja indicação clínica nesse sentido.

Tedros Ghebreyesus defendeu que é preciso investir na investigação de novos agentes antimicrobianos tanto como em terapias e vacinas para a covid-19.

Questionado na conferência de imprensa de acompanhamento da pandemia de hoje sobre um eventual enfraquecimento do novo coronavírus, o diretor do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, afirmou que "não se pode correr o risco" de acreditar nisso.

"Este ainda é um vírus assassino e temos que ter um cuidado extraordinário para não achar que o vírus, por sua própria vontade, decidiu ser menos patogénico", declarou.

Os novos vírus estão sujeitos a evoluir e podem tornar-se mais ou menos patogénicos, mas quanto ao novo coronavírus, Ryan argumentou que "não se sabe" em que estado está.

Afirmou que as medidas tomadas por todo o mundo de restrição de contactos entre pessoas e tratamento atempado e isolamento de doentes podem estar a "reduzir o número, intensidade e frequência de exposição" ao vírus e que isso é que está a determinar uma redução do número de novos casos em países como Itália, que foi um dos países mais atingidos durante o pico da pandemia.

"Superficialmente, o vírus pode parecer mais fraco, mas talvez isso se deva a estarmos a agir melhor [contra a covid-19], não porque esteja realmente a enfraquecer".

Michael Ryan destacou que a situação mais preocupante verifica-se agora no continente americano, onde se localizam cinco dos dez países com mais novos casos diários, como os Estados Unidos e o Brasil.

O responsável da OMS manifestou preocupação especial com países como o Haiti, cujos sistemas de saúde, já fragilizados, não têm capacidade de lidar com um surto agudo.