Na sua habitual mensagem vídeo diária à população, o presidente desta autarquia do distrito de Aveiro abordou o que classifica como um mal-entendido surgido depois de o líder da Associação de Produtores de Pão-de-ló de Ovar ter dito não perceber porque é que estavam impedidos de fabricar o doce exclusivo do concelho e ter criticado que outros comerciantes do ramo alimentar vissem chumbado pela Câmara o pedido para manterem, por exemplo, a produção de compotas.
Hoje à noite, o presidente da Câmara reconheceu "alguma polémica" no que se refere à produção do pão-de-ló com Identificação Geográfica Protegida e declarou que "as empresas que se dedicam à produção de bens alimentares estão completamente excecionadas” da proibição de laborar durante o estado de calamidade pública motivado pela covid-19.
“Por isso, os produtores de pão-de-ló podem produzir e escoar o seu produto”, sublinhou.
Salvador Malheiro não especificou se o escoamento está limitado ao município ou se pode alargar-se ao resto do país, como era pretensão da Associação de Produtores, mas realçou que há mais duas datas até final do cerco profilático ao concelho para qualquer empresa local despachar o seu produto acabado, mediante rotas predeterminadas e condições sanitárias específicas.
"Reservámos o dia de hoje e a próxima terça e quinta-feira para que as nossas empresas, mesmo encerradas, possam escoar o seu produto final e receber matéria-prima, para minimizar os seus prejuízos", informou o autarca social-democrata.
Quanto à situação local gerada pelo novo coronavírus, por volta das 20:00 Salvador Malheiro revelava que entre os cerca de 55.400 habitantes do concelho se mantinham 16 óbitos e sete recuperados, tendo o número de infetados subido para 448.
"A tendência que temos vindo a constatar, de que os novos casos têm vindo a decrescer, mantém-se", realçou.
Para o referido balanço terão contribuído os mais de 2.000 exames de diagnóstico que a autarquia diz ter realizado no concelho e, a esse propósito, já há contas apuradas: "O povo de Ovar, através da sua Câmara Municipal, já investiu mais de 150.000 euros em saúde no âmbito do vigente estado de calamidade. Este investimento refere-se à aquisição de equipamentos de proteção individual, testes, equipamentos para o nosso hospital [de campanha] e outras despesas correntes".
O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 80.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 260.000 recuperaram.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 12.442 infeções confirmadas. Desse universo de doentes, 345 morreram, 1.180 estão internados em hospitais, 184 recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que a partir do dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário com controlo de fronteiras e suspensão de toda a atividade empresarial não afeta a bens de primeira necessidade. A medida foi entretanto prolongada até 17 de abril.
Todo o país está desde as 00:00 de 19 de março em estado de emergência, o que vigora até às 23:59 do dia 17 de abril. Nesse contexto, toda a população está proibida de circular fora do seu concelho de residência entre esta quinta-feira e a próxima segunda, no que o objetivo é desincentivar viagens no período da Páscoa.
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