"Haverá dia de Portugal, não haverá é a celebração prevista, quer na Madeira, quer na África do Sul", esclareceu Marcelo Rebelo de Sousa. A celebração do 10 de junho será, agora, em Lisboa, "com os cuidados impostos pelas circunstâncias", diz. As comemorações na Madeira e na África do Sul passam para 2021 — ou, pelo menos, será essa a vontade de Marcelo, seja ele ou um eventual seu sucessor a celebrá-las.

"Implicaria a movimentação de centenas de militares e centenas de civis do continente para a Madeira e a presença de milhares de nossos compatriotas madeirenses", referiu, salientando, por outro lado, que a África do Sul "está neste momento a viver um regime muito restritivo" devido à pandemia da covid-19 e que as comemorações nesse país implicariam também "um conjunto de deslocações" e "grandes aglomerações".

O chefe de Estado frisou, no entanto, que "haverá a celebração do 10 de Junho" neste ano, porque "Portugal continua".

"Portanto, haverá a celebração do 10 de Junho em Lisboa, mas com os cuidados impostos pelas circunstâncias. Espero que possa haver o 10 de Junho na Madeira e na África do Sul no ano que vem", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

O presidente esclarece que esta decisão não significa que o estado de emergência será necessariamente prolongado até junho.

O presidente da República decidiu cancelar as comemorações do 10 de Junho deste ano que se iriam realizar na Madeira e na África do Sul devido à pandemia da covid-19. Marcelo Rebelo de Sousa comunicou a decisão do adiamento por carta ao presidente da Assembleia da República, ao primeiro-ministro e às autoridades da Madeira, adiantou a mesma fonte.

Em 2016, ano em que tomou posse como Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa lançou um modelo inédito, acertado com o primeiro-ministro, António Costa, em que as celebrações do Dia de Portugal começam em território nacional e se estendem a um país estrangeiro com comunidades emigrantes portuguesas.

Nesse ano, o Dia de Portugal foi celebrado entre Lisboa e Paris. Em 2017 as comemorações foram no Porto e nas cidades brasileiras do Rio de Janeiro e São Paulo, em 2018 dividiram-se entre Ponta Delgada, nos Açores, e as cidades de Boston, Providence e New Bedford, na Costa Leste dos Estados Unidos da América, e em 2019 decorreram em Portalegre e Cabo Verde.

O Presidente da República tinha escolhido o teólogo e poeta madeirense José Tolentino Mendonça, entretanto elevado de arcebispo a cardeal, para presidente da edição deste ano das comemorações do 10 de Junho.

Marcelo falou aos jornalistas após um encontro com o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães. O presidente mostra-se otimista, mas frisa que "é preciso esperar" para perceber se a evolução abaixo das linhas de outros países "é constante ou não".

O presidente da República diz que viu uma "grande disponibilidade" em todos os profissionais de saúde. "Nunca achei que o bastonário fosse alarmista".

Estado de emergência pode ser renovado

Sobre a decisão de renovar o estado de emergência por mais uma quinzena — que o prolongaria até 16 de abril —, o presidente da República lembrou que é necessária uma análise que sustente a decisão, até para perceber se é necessário acrescentar novos pontos.

Marcelo Rebelo de Sousa disse que na terça-feira haverá uma nova reunião com responsáveis políticos e especialistas antes de uma decisão sobre o estado de emergência, que admitiu que seja renovado até 16 de abril.

Em declarações aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa, questionado se é provável a renovação do estado de emergência, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que antes dessa decisão "haverá uma nova reunião de responsáveis políticos com especialistas, epidemiologistas", na terça-feira, 31 de março, durante a manhã.

"E será ponderado, obviamente, por mim, em diálogo com o senhor primeiro-ministro e, portanto, com o Governo, e em diálogo com o parlamento, exatamente o que é necessário para os 14 dias seguintes: se é preciso, além de renovar o estado de emergência, acrescentar mais um ponto ou outro, ou não. Essa avaliação será feita com os dados até ao começo da próxima semana, para depois vigorar, se for caso disso, se a Assembleia da República autorizar, até ao dia 16 de abril", afirmou.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira passada. O estado de emergência proposto pelo Presidente prolonga-se até às 23:59 de 2 de abril.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 20 mil morreram.

Portugal regista 60 mortes associadas à covid-19 e 3.544 casos de infeção confirmados, segundo o boletim hoje divulgado pela Direção-Geral da Saúde.

A barreira dos 3.500 casos foi ultrapassada no dia em que entrou em vigor a fase de mitigação da pandemia da covid-19, por determinação da Direção-Geral da Saúde (DGS), envolvendo todo o sistema de saúde, público e privado.

A fase de mitigação é a terceira e a mais grave fase de resposta à doença covid-19 e é ativada quando há transmissão local, em ambiente fechado, e/ou transmissão comunitária.