O tráfego aéreo entre Portugal e Espanha vai ser suspenso a partir do final da tarde de hoje, bem com as ligações ferroviárias e as duas ligações fluviais, anunciou hoje o ministro da Administração Interna.
“Foi decidido que seria suspenso o tráfego aéreo entre os dois países a partir do final do dia de hoje. A partir de hoje não teremos voos entre os aeroportos nacionais e os aeroportos espanhóis”, disse Eduardo Cabrita.
Em conferencia de imprensa, o ministro avançou que são igualmente suspensas as ligações ferroviárias, tal como as duas ligações fluviais que existem no Minho no Algarve.
Antes, a ministra da Saúde anunciou que Portugal vai intensificar o controlo sanitário nos aeroportos.
Segundo Marta Temido, a União Europeia (UE) fez hoje um apelo à manutenção da disseminação de informação, divulgação de folhetos informativos aos passageiros que chegam ao território nacional, realização de inquéritos epidemiológicos e observação visual dos passageiros.
Marta Temido falava numa conferência de imprensa conjunta com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, após a reunião por videoconferência dos ministros da Administração Interna e da Saúde da UE.
A ministra informou ainda que Portugal manifestou interesse em adquirir equipamentos médicos para o combate à doença Covid-19, uma vez que a UE comunicou que será feito “um novo pacote de aquisição conjunta”.
Já Marta Temido disse esta segunda-feira que ao nível dos aeroportos vai manter-se a disseminação de informação, inquéritos e observação visual dos passageiros. "Vamos manter e reforçar o controlo sanitário nos aeroportos", explicou a ministra da Saúde.
Marta Temido informou que vários Estados-membros colocaram a questão do acesso a equipamentos de proteção individual, equipamentos médicos pesados, como ventiladores, e testes para diagnóstico laboratorial.
O Governo anunciou também o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham que se deslocar por razões profissionais.
“Portugal e Espanha estão a concluir as notas técnicas que permitirão ainda hoje reintroduzir os controlos de fronteiras terrestres, estabelecendo exclusivamente nove pontos de passagem”, disse o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, avançando que “todas os outras passagens vão ser absolutamente interditadas”.
Em conferência de imprensa em Lisboa, Eduardo Cabrita sublinhou que nos nove pontos de passagem terrestre vão ser estabelecidos mecanismos que limitam essa passagem “exclusivamente a mercadorias e a trabalhadores que tenham por razões profissionais que se deslocarem a Espanha”.
O ministro disse que nestes casos vai ser feito, em articulação com as autoridades espanholas, o controlo sanitário. Já durante a tarde, Eduardo Cabrita detalhou as medidas: as fronteiras terrestres encerram às 23:00 desta segunda-feira. O tráfego aéreo com Espanha será também suspenso.
As mercadorias, como os bens alimentares e outros bens de primeira necessidade vão continuar a atravessar as fronteiras.
"A economia deve ser mantida a funcionar", afirmou o ministro da Administração Interna. "Para isso é essencial manter a circulação de produtos alimentares dentro da União Europeia", sublinha. "É essencial manter o transporte de mercadorias dentro da União Europeia", disse Eduardo Cabrita.
Os ministros da Saúde e da Administração Interna da União Europeia estiveram hoje reunidos, por videoconferência, para debater o controlo das fronteiras externas do bloco europeu no contexto da pandemia da Covid-19.
No domingo, o primeiro-ministro português destacou a importância desta reunião para Portugal, dada a "extensa fronteira" aérea e marítima do país.
Portugal e Espanha vão limitar a circulação na fronteira terrestre comum a mercadorias e trabalhadores transfronteiriços por causa da pandemia da Covid-19, anunciou o primeiro-ministro português no domingo, depois de uma reunião por vídeoconferência com o homólogo espanhol, Pedro Sánchez.
António Costa ontem afirmou que os termos destas limitações serão definidos hoje, numa reunião dos ministros dos dois países com a pasta da Administração Interna, em que serão também traçados os termos da circulação nas fronteiras aéreas e marítimas.
Essa reunião seguir-se-á a esta dos ministros da Saúde e da Administração Interna da União Europeia.
O primeiro-ministro disse estar convicto de que estas limitações de circulação na fronteira entre os dois países entrarão em vigor já na segunda-feira, e acrescentou que se manterão por tempo indeterminado, mas sempre para lá dos dias das celebrações da Páscoa.
A Comissão Europeia, por sua vez, alertou hoje que o encerramento de fronteiras, já adotado em alguns países da União Europeia (UE), “não é a melhor forma” de conter a propagação do Covid-19, por afetar a distribuição de equipamentos médicos e bens.
"A posição da Comissão, com base na informação que temos, é que o vírus já está presente em todos os Estados-membros e, por isso, fechar fronteiras não é necessariamente a melhor forma de assegurar que vamos conter a propagação do surto na UE”, declarou o porta-voz do executivo comunitário Eric Mamer.
O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 6.400 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ronda as 164 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 141 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infetados, mais de 75 mil recuperaram.
O epicentro da pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) deslocou-se da China para a Europa, onde se situa o segundo caso mais grave, o da Itália, que anunciou no domingo 368 novas mortes e que regista 1.809 vítimas fatais.
O número de infetados em Itália, onde foi decretada quarentena em todas as regiões, é de quase 25 mil, praticamente metade dos cerca de 52 mil casos confirmados na Europa, que regista mais de 2.291 mortos.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos de infeção confirmados para 331.
Entre os casos identificados, 139 estão internados, dos quais 18 em unidades de cuidados intensivos, e há duas pessoas recuperadas.
Lisboa e Vale do Tejo é agora a região que regista o maior número de casos confirmados (142), seguida da região Norte (138) e das regiões Centro e do Algarve (10). Há um caso nos Açores e cinco no estrangeiro.
O boletim epidemiológico assinala também que, desde o início da epidemia, a DGS registou 2.271 casos suspeitos e mantém 4.592 contactos em vigilância, menos do que no sábado (5.011).
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