Em comparação com os dados de terça-feira, em que se registavam 1.492 mortes, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 0,3%. Já os casos e infeção subiram 0,8%.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo (13.878), onde se tem registado maior número de surtos, há mais 270 casos de infeção (+2%).
Gabinete Regional de Intervenção
A ministra da Saúde anunciou hoje a nomeação de um gabinete regional de intervenção em Lisboa e Vale do Tejo para suprir a covid-19, naquela que é a região que continua a registar um elevado número de casos.
“Nomeei ontem [terça-feira] o gabinete regional de intervenção para a supressão da covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo, gabinete que é coordenado pelo doutor Rui Portugal, médico de saúde pública da equipa de saúde desta região, e que integrará todas as autoridades regionais e locais de saúde”, disse Marta Temido.
Assumindo que Lisboa e Vale do Tejo continua a merecer “o foco” do Governo por representar, de modo persistente, mais de dois terços do número diário de novos casos notificados em Portugal, a ministra explicou que o gabinete tem por objetivo identificar precocemente os novos casos e cadeias de transmissão para acompanhar os surtos ativos e para, em cada momento, garantir a melhor informação para tomada de decisão.
Nos últimos 15 dias, a incidência por 100 mil habitantes mais elevada do país tem-se concentrado nos concelhos de Loures, Amadora, Odivelas, Sintra e Lisboa, reforçou.
Estes cinco concelhos da Área Metropolitana de Lisboa são os que merecem “maior preocupação”, disse a responsável da pasta da Saúde, revelando que 90% dos novos casos que se verificaram na terça-feira concentram-se nestes.
Contudo, Marta Temido garantiu que, em alguns destes concelhos, o surto começa a estar “mais controlado”, adiantando que Lisboa é o que revela menor incidência por 100 mil habitantes com 37,85%.
“E aquele concelho onde a situação inspira maior cuidado é a Amadora porque ainda está com uma incidência de 99,6% por 100 mil habitantes para o último dia para o qual dispomos de números”, afirmou.
Os outros três concelhos tem uma taxa de 60%, sublinhou.
Assumindo que a intervenção do gabinete assenta na supressão da infeção e controlo do foco da doença, Marta Temido revelou existirem casos de transmissão comunitárias, mas também 13 surtos associados a freguesias destes cinco concelhos, designadamente Arroios, Queluz Belas, Águas Livres, Agualva, Mira Sintra, Santo António, Encosta do Sol, Mina de Água ou Rio de Mouro.
Casos em empresa da Azambuja não significam novo surto
A diretora geral da Saúde afirmou hoje que os casos de covid-19 detetados numa empresa na plataforma logística da Azambuja não significam um novo surto, mantendo que aquele concelho é considerado “em resolução”.
A empresa DHL Supply Chain, que presta serviço ao grupo Sonae, confirmou na terça-feira a existência de casos positivos de covid-19 e embora não refira o número de casos, o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços adiantou à Lusa que pelo menos 10 funcionários testaram positivo para o novo coronavírus.
“O facto de surgirem mais casos positivos e num novo foco não indicia necessariamente um novo surto naquela zona”, afirmou hoje Graça Freitas.
A responsável pela Direção Geral da Saúde indicou que a confirmação de casos positivos se deve à campanha de testes realizados nas empresas “quer por iniciativa dos próprios empregadores, da Saúde ou da câmara municipal” do concelho no norte da Área Metropolitana de Lisboa.
As autoridades de saúde continuam a ter “uma intervenção muito próxima das empresas”, garantiu, referindo que são “situações muito dinâmicas”.
“Muitos dos focos da Azambuja, felizmente, ou já se resolveram ou estão em franca resolução. A maior parte são trabalhadores jovens, saudáveis, com uma evolução muito benigna da sua situação, que testam negativo ao fim de relativamente poucos dias, duas semanas, a maior parte deles”, acrescentou.
Norma específica para a construção civil
A Direção-Geral da Saúde (DGS) está a elaborar uma norma específica de medidas de proteção de saúde pública para a área da construção civil, anunciou hoje a ministra da Saúde.
Marta Temido adiantou que esta nova norma deverá "sair nos próximos dias", nomeadamente até ao final da semana.
Na preparação desta, a DGS irá ouvir os parceiros e entidades que trabalham neste setor para que haja uma "atuação mais consistente e coerente", sublinhou.
Assumindo que a região de Lisboa e Vale do Tejo é a que traz “maior preocupação” ao Governo, por representar mais de dois terços do número diário de novos casos notificados em Portugal, a governante referiu terem sido determinadas medidas de saúde pública tendo em vista a redução do foco de contágio nos cinco concelhos mais afetados desta, nomeadamente Lisboa, Loures, Amadora, Odivelas e Sintra.
Desta forma, entre 30 de maio e 06 de junho foram realizados 14.057 colheitas de amostras biológicas nos referidos concelhos e em áreas de atividades específicas e caracterizadas por grande rotatividade de trabalhadores, sobretudo construção civil, cadeias de abastecimento, transportes e distribuição, vincou.
Destes testes, 664 deram positivo à covid-19, representando uma taxa de 5,3%, disse.
“5,3% de casos positivos nas amostras recolhidas e 10% de casos positivos para aquilo que é a área da construção civil”, sublinhou a ministra.
E é devido aos resultados elevados de contágio nesta área de atividade que a DGS está a elaborar a norma, justificou.
Regras para veículos privados de transporte de trabalhadores
A ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, que participou também na conferência de imprensa, explicou que foi iniciado um processo de rastreio em alguns concelhos da região de Lisboa e Vale do Tejo para que as autoridades conheçam "a realidade com maior detalhe, identificar surtos e saber em que áreas profissionais é que estas situações de maior risco se passavam".
Uma vez que este trabalho está "próximo do fim", o conselho de ministros decidiu "levantar as restrições mais gerais que ainda persistiam em Lisboa a partir da próxima segunda-feira, podendo abrir centros comerciais e lojas com mais de 400 metros quadrados, os serviços públicos que ainda estavam encerrados e ter um limite para um ajuntamento de pessoas igual ao do resto do país, passando de dez para 20 pessoas", lembrou.
Mariana Vieira da Silva disse ainda que, dada a situação de novos casos na área da construção civil, o conselho de ministros decidiu que a regra definida para a AML "de que os veículos privados do transporte de trabalhadores tenham uma lotação de dois terços e na sua utilização seja obrigatório o uso de máscara" fosse alargada a todo o país, deixando assim de ser uma regra apenas para Lisboa.
"Relativamente a um conjunto de estabelecimentos que ainda estão encerrados, o conselho de ministros decidiu que à medida que a DGS fosse produzindo as normas orientadoras para um elevado número de estabelecimentos, como os ginásios e restaurantes, se podia ir abrindo esses espaços", referiu.
A ministra disse ainda que os parques aquáticos já têm orientações específicas, bem como as escolas de línguas e os centros de explicações, que entram em funcionamento a partir de dia 15, por serem estabelecimentos de tempos livres, desde que não funcionem em estabelecimentos de ensino. Se tal acontecer, só podem abrir no final do ano letivo.
Autoridades vão garantir que não há arraiais, mesmo que informais
A ministra da Presidência afirmou que as autoridades vão garantir que não se fazem arraiais e festas populares, mesmo que sejam promovidas informalmente por estabelecimentos com licença para funcionar.
“Em articulação com os municípios e com as forças de segurança, procuraremos garantir que aquilo que está proibido não se realiza apenas por que se considera ser informal”, afirmou Mariana Vieira da Silva.
“A ideia de que nos podemos relacionar normalmente sem garantir o distanciamento físico, estando em festas em que nem sequer conhecemos todas as pessoas que lá estão é uma ideia errada que importa combater”, salientou a ministra.
Mariana Vieira da Silva salientou que “desconfinamento não significa normalidade” e lembrou que “festas populares e arraiais estão expressamente proibidos” e que isso está na resolução de Conselho de Ministros aprovada na quinta-feira.
O que justifica essa proibição são “as regras de distanciamento social”, que impedem a realização de festas, mesmo privadas, que “têm sido pontos problemáticos nas últimas semanas”.
O controlo sobre todas as pessoas com quem se entra em contacto é necessário para que, “caso alguém adoeça, se possa reconstituir toda a rede de relação”, indicou.
“Mesmo os que têm sobre o seu próprio caso uma perceção de menor risco devem saber que são sempre, pelo menos, um risco para os outros”, realçou a ministra.
Embora os estabelecimento de convívio que estejam encerrados possam ir reabrindo “à medida que tenham orientações específicas para o seu funcionamento”, discotecas e espaços de dança vão continuar fechados porque “é pouco possível pensar neles como espaços de distanciamento social”.
Precaução excluiu guarda-redes do Famalicão de jogo com Gil Vicente
A diretora geral da Saúde afirmou que o guarda-redes do Famalicão ficou fora do jogo de terça-feira com o Gil Vicente por “princípio de precaução”, embora o seu teste positivo para a covid-19 seja provavelmente apenas por causa de “partículas virais”.
Graça Freitas referiu que “será baixo o seu risco de contágio, mas não há evidência científica robusta que permita dizer que não existe”.
O brasileiro Rafael Defendi, que já esteve infetado com o novo coronavírus, foi entretanto dado como curado mas no último teste de despistagem, realizado 24 horas antes do jogo, deu positivo.
Graça Freitas afirmou que se ponderou deixar o guarda-redes participar na partida mas que se preferiu “pelo princípio da precaução, que um positivo não jogue”.
“No caso deste jogador, tudo indica que ele não estará infecioso com o que se sabe hoje, mas há algum grau de incerteza”, referiu, indicando que “provavelmente, serão só partículas virais” que influenciaram o resultado positivo.
“É preciso agir com toda a cautela, falámos com as autoridades da saúde locais e regional, falámos com um dos médicos que acompanha a Liga e foi por consenso entre todos” que a decisão foi tomada, referiu.
Graça Freitas acrescentou que o sucedido com Rafael Defendi não implicará alterações ao plano de testagem quer do Famalicão quer do Gil Vicente, que “vão continuar a seguir o seu plano de testes, que está predefinido”.
O boletim em detalhe
A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.988, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 13.878, da região Centro, com 3.837, do Algarve (391) e do Alentejo (274).
Os Açores registam 142 casos de covid-19 e a Madeira contabiliza 90 casos confirmados, de acordo com o boletim hoje divulgado.
A região Norte continua também a ser a que regista o maior número de mortos (809), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (412), do Centro (245), do Algarve e dos Açores (ambos com 15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de terça-feira.
A Região Autónoma da Madeira mantém-se sem registo de óbitos.
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 757 vítimas mortais são mulheres e 740 são homens.
Das mortes registadas, 1.013 tinham mais de 80 anos, 285 tinham entre 70 e 79 anos, 131 entre 60 e 69, 48 entre 50 e 59, e 17 entre 40 e 49. Há duas mortes registadas entre os 20 e os 29 anos e uma na faixa etária entre os 30 e os 39 anos.
A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 417 doentes estão internados em hospitais, mais 23 do que na terça-feira (+5,8%), dos quais 70 em Unidades de Cuidados Intensivos (mais cinco, +7,7%).
Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.751), seguido por Sintra (1.754), Vila Nova de Gaia (1.592), Porto (1.414), Loures (1.331), Matosinhos (1.292) e Braga (1.256).
Desde 01 de janeiro, registaram-se 344.217 casos suspeitos, dos quais 1.724 aguardam resultado dos testes.
Há 306.893 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS, adiantando que o número de doentes recuperados subiu para 21.742 (mais 408).
A DGS regista também 30.398 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Do total de infetados, 20.193 são mulheres e 15.407 são homens.
A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.982), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos (5.795) e das pessoas com idades entre os 30 e os 39 anos (5.513).
Há ainda 4.927 doentes entre os 20 e os 29 anos, 4.710 com mais de 80 anos, 3.802 entre os 60 e 69 anos, e 2.734 entre 70 e 79 anos.
A DGS regista igualmente 850 casos de crianças até aos nove anos e 1.262 jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.
De acordo com a DGS, 39% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 20% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 11% dificuldade respiratória.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 411 mil mortos e infetou mais de 7,2 milhões de pessoas em todo o mundo.
Mais de 3,2 milhões foram considerados curados pelas autoridades de saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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