Em comparação com os dados de domingo, em que se registavam 1.517 mortes, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 0,2%. Já os casos de infeção subiram 0,9%.

Na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se tem registado o maior número de surtos, a pandemia de covid-19 atingiu os 15.128 casos confirmados, mais 300 do que os 14.828 registados no domingo.

Portugal regista ainda 22.852 casos recuperados.

Estão 30.703 pessoas em vigilância pelas autoridades de saúde. Encontram-se internadas 431 pessoas, 73 em unidade de cuidados intensivos.

Desde 1 de janeiro já se registaram 351.057 casos suspeitos.

Os temores quanto ao futuro

Marta Temido reconheceu que "o alívio progressivo do confinamento traz consigo um risco de recrudescimento da doença e uma ligeira subida do risco efetivo de geração de novos casos". Quanto ao valor do Rt, este está agora "ligeiramente abaixo de 1, para os últimos dias em que foi calculado para Lisboa e Vale do Tejo". Com o desconfinamento, o valor poderá ficar acima de 1, o que "é natural que aconteça".

"Aquilo que precisamos de garantir é que este risco se mantém controlado, em níveis em que evitamos o mais possível óbitos. [É necessário] proteger os mais frágeis, aqueles que pela sua idade e pelas suas comorbilidades mais facilmente podem ser vítimas da covid-19", começou por frisar.

Por outro lado, é necessário "acautelar que o Sistema Nacional de Saúde mantém a capacidade de resposta. Por isso, continuamos a trabalhar, não só na instalação de ventiladores que chegaram ao país, mas também na ampliação das camas de cuidados intensivos", considerando que há ainda mais uma "futura prova" a ultrapassar, que é "a chegada do inverno", com uma provável coexistência da gripe e da covid, "se uma nova vacina não aparecer no mercado daqui até lá".

A ministra da Saúde referiu ainda que é preciso manter sob vigilância "os comportamentos das empresas, das lojas e individuais". "Uma vez mais, o grande aspeto que nos preocupa é que haja algum deslaçamento, algum relaxamento, em relação àquilo que é a observância estrita das regras", referiu.

Sobre a reabertura das fronteiras com Espanha, Marta Temido referiu que a situação epidemiológica dos dois países é "bastante semelhante" neste momento. "Aquilo que está pensado, em termos de reabertura, foi pensado entre os dois países, com grande cautela, com grande articulação, e pensamos que estarão acauteladas todas as medidas de apoio necessárias", disse.

Quanto à readaptação às rotinas habituais, a ministra acentuou que "até que tenhamos uma vacina ou um tratamento eficaz no combate à covid-19" são necessárias "regras específicas", das quais "não podemos prescindir".

"Sabemos que muitos destes casos a que estamos a assistir pouco terão a ver com o desconfinamento, com o alívio das medidas de confinamento, e portanto, mantenhamos os gestos básicos, mantenhamos a utilização da máscara, a higienização das mãos e o distanciamento físico", alertou.

Marta Temido referiu ainda que "se durante vários dias o valor do Rt se mantiver acima de 1, se o número de óbitos se voltar a situar em números como aqueles que já tivemos no passado, em que chegámos a ter várias dezenas a registar por dia, se os serviços hospitalares de cuidados primários começarem a registar uma procura que neste momento não se está a verificar, podemos pensar em medidas de maior confinamento ou de aperto em determinadas áreas".

"Se há algo que aprendemos com esta pandemia é que não vale a pena estar a aplicar medidas generalistas quando os focos são muito específicos e muito concretos. Temos, sim, de encontrar soluções que atendam a esses casos", lembrou.

"Este não é o momento para esmorecer"

Outro dos indicadores utilizados para avaliar a situação epidemiológica destacados hoje por Marta Temido foi a diminuição do número de mortes por covid-19 que se tem registado, estando atualmente a taxa de letalidade global fixada nos 4,2%.

“A média semanal de óbitos tem vindo a cair. Foi de 5,4 por dia na última semana, de 10 na penúltima semana e de 12 na antepenúltima depois de números incomparavelmente superiores nas semanas anteriores”, revelou.

A ministra indicou também que, tendo em conta a incidência acumulada de novos casos por 100 mil habitantes, Portugal está em 9º lugar, e, considerando os óbitos reportados por 100 mil habitantes, o país está em 10º lugar

Marta Temido quis deixar uma “mensagem muito clara” numa fase em que persistem casos de covid-19 em Lisboa e Vale do Tejo, frisando que Portugal, os portugueses e o Serviço Nacional de Saúde têm tido um desempenho encorajador no combate contra a pandemia, dando como exemplo os novos casos registados em outros países, nomeadamente no Reino Unido com 1.514 novos casos de contágio, a Suécia com 769, a França com 407, a Espanha com 323 e a Itália com mais 338.

“Em síntese, este não é o momento para esmorecer, é um momento de resistir e de continuar a trabalhar e vencer em definitivo esta luta pela supressão da doença em Lisboa e Vale do Tejo”, apelou.

Portugal já realizou um milhão de testes, dos quais são 6,5% positivos

Portugal atingiu, no domingo, um milhão de testes realizados ao novo coronavírus, dos quais 6,5% com resultados positivos para covid-19, revelou hoje a ministra da Saúde.

“Do total destes testes, 45,2% foram realizados em laboratórios públicos, 39,2% em laboratórios privados e 15,7% em outros laboratórios”, afirmou Marta Temido, na conferência de imprensa que no Ministério da Saúde para a atualização dos dados da covid-19 e que deixará de ser diária e passará a decorrer três vezes por semana, às segundas, quartas e sexta-feira.

A ministra destacou também a quantidade de testes que têm sido realizados na região de Lisboa e Vale do Tejo e que desde há um mês se tem registado um acréscimo de casos de contágio (alguns dias têm sido quase a totalidade dos novos casos do país), referindo que entre maio e junho “foram realizados 4.600 testes por dia, ou seja, mais mil diários do que no mês de abril”.

“Desde há um mês que tem havido um acréscimo do número de testes e temos levado a cabo várias operações de testagem massiva e uma operação de rastreio entre 30 de maio e 6 de junho nos concelhos de amadora, Sintra, Loures, Odivelas e Lisboa e deste esforço intensivo de testes resultou uma melhor identificação dos novos casos e um melhor conhecimento da doença e adequado encaminhamento”, afirmou.

O rastreio realizado nos concelhos de Lisboa e Vale do Tejo incidiu em determinadas áreas económicos e foram realizadas 14.117 colheitas de amostras de material biológicos, das quais 731 tiveram resultado positivos (5,1%).

Destas colheitas, 93% dos casos já estão plasmados nos números fornecidos pelo boletim epidemiológico.

Além desta operação de testagem especifica, outros rastreios foram realizados, por iniciativa de entidades empregadoras particulares e “tiveram impacto no número do país”.

Marta Temido destacou também o trabalho do gabinete regional de intervenção para a supressão da covid-19 de Lisboa e Vale do Tejo e que serão dadas informações nos próximos dias.

Atividade hospitalar não urgente em Lisboa e Vale do Tejo retomada na próxima semana

A atividade hospitalar na região de Lisboa e Vale do Tejo está estável e deverá ser retomada na próxima semana, apesar de haver entre 200 e 300 novos casos de covid-19 diários, disse a ministra da Saúde.

“Resulta da observação dos números de atendimento na área dedicada à doença covid-19 dos cuidados de saúde primários e do número de internamentos por covid-19 nas áreas hospitalares destas regiões mais afetadas que a utilização dos mesmos se mantém estável com tendência decrescente. A manter-se este contexto será possível retomar a atividade suspensa no início da próxima semana, o que se antevê e se deseja”, afirmou Marta Temido.

Segundo a ministra, a atividade hospitalar não urgente nos hospitais de Lisboa e Vale do Tejo, nomeadamente nos hospitais de Lisboa, Amadora e Loures, será retomada, “apesar dos números dos novos casos se manterem persistentemente nos 200/300 novos casos por dia”.

A decisão de suspender a atividade não urgente nos hospitais foi tomada em função "da incerteza" quanto à evolução da situação de contágio na região de Lisboa e Vale do Tejo.

As unidades de saúde que viram suspensos os serviços não urgentes são os centros hospitalares em Lisboa Norte, Lisboa central e Lisboa ocidental, o Hospital Fernando da Fonseca, na Amadora, e os hospitais de Cascais e de Loures.

Requerentes de asilo continuam a ter acesso aos cuidados de saúde

Os migrantes e refugiados vão continuar a ter acesso aos cuidados de saúde enquanto a pandemia se mantiver ativa, assegurou hoje a ministra da Saúde, adiantando que o objetivo é que o acesso se torne definitivo.

“Esta foi uma medida que foi especificamente desenhada para os tempos da pandemia da covid-19 e vai-se manter enquanto a pandemia se mantiver ativa”, afirmou Marta Temido, acrescentando que o Ministério da Saúde está a trabalhar em colaboração com outras áreas para que este direito, consagrado na Lei de Bases da Saúde, seja “uma realidade operacional”.

Em março, o Governo determinou que os imigrantes com pedidos de autorização de residência pendentes no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) passavam a estar em situação regular e a ter acesso aos mesmos direitos de todos os outros cidadãos, incluindo apoios sociais, sendo esta uma medida que abrange também os requerentes de asilo.

Por outro lado, os imigrantes indocumentados não estavam abrangidos pela medida de regularização de documentação que entrou em vigor em 19 de março, mas poderiam submeter os pedidos durante o período de estado de emergência e foi-lhes assegurado o direito aos cuidados de saúde.

Questionada sobre a situação atual destas pessoas, durante a conferência de imprensa diária sobre a covid-19, Marta Temido disse que o acesso dos requerentes de asilo aos cuidados de saúde vai continuar a ser assegurado, pelo menos, enquanto durar a pandemia.

Recordando situações denunciadas, no passado, sobre as dificuldades que os migrantes e refugiados enfrentavam no acesso ao Serviço Nacional de Saúde, a ministra condenou o problema.

“Não queremos que isso persista e, portanto, estamos a trabalhar designadamente com a Presidência do Conselho de Ministros para encontrar uma fórmula de normativo que permita dar orientações claras aos serviços sobre este tema, evitando que algumas situações de constrangimento persistam”, explicou.

Marta Temido referiu também a situação atual das pessoas sem-abrigo, para as quais têm vindo a ser encontradas soluções de alojamento, no âmbito da sociedade civil, durante a pandemia.

Segundo a ministra, a tutela está também atenta a este tema, no sentido de contribuir para encontrar soluções permanentes.

“Aquilo que nos parece ser uma janela de oportunidade é encontrar uma alternativa de alojamento para que possam retomar também uma vida em que tenham condições de habitabilidade adequadas”, disse Marta Temido, ressalvando que “não é um trabalho simples nem rápido”.

Situação em Setúbal

A evolução da situação epidemiológica no distrito de Setúbal é favorável e os focos de contágio, identificados há cerca de três semanas, já foram contidos, afirmou hoje a ministra da Saúde.

“A incidência tem-se mantido relativamente constante e decrescente, os focos que tínhamos em determinados agregados populacionais estão absolutamente contidos e controlados”, sublinhou Marta Temido.

No final do mês de maio, o distrito de Setúbal era o segundo com mais novos casos de covid-19, com focos de contágio identificados na zona Almada-Seixal.

Em relação aos concelhos do distrito de Setúbal, e questionada sobre a situação epidemiológica nesta zona em concreto, a ministra da Saúde quis “deixar uma mensagem de grande tranquilidade”, afirmando que a situação está controlada.

Os lares

Marta Temido falou também sobre a situação na região de Lisboa e Vale do Tejo, referindo-se a surtos identificados durante a semana passada em alguns lares de idosos onde a situação está igualmente contida.

“Neste momento, todas as estruturas residenciais para idosos têm a sua situação relativamente controlada. Na semana passada referíamos que havia, por exemplo, oito instituições em Sintra que nos suscitavam preocupação, e estas instituições não têm novos casos”, precisou.

A ministra da Saúde confirmou, no entanto, duas situações que estão, atualmente, a merecer maior atenção por parte das autoridades de saúde, no Norte e Centro.

“De qualquer forma, importa sublinhar que os lares onde são detetados casos são lares onde não há visitas”, ressalvou, explicando que a suspensão das visitas é novamente imposta sempre que são detetados novos casos, e que as medidas necessárias de realojamento, concertadas com a Segurança Social e as autarquias, continuam a ser implementadas.

Sobre a situação concreta dos lares de idosos, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, aproveitou também para reforçar que estas instituições merecem uma atenção especial das autoridades de saúde, que intervêm “ao mínimo alerta”.

“Também aqui é muito importante que o próprio lar, se detetar uma situação que seja minimamente suspeita, dê imediatamente o alerta para se fazer testes, encontrar positivos e tomar as medidas necessárias”, afirmou Graça Freitas.

O boletim em detalhe

A região Norte continua a registar o maior número de infeções, 17.097.

Já a região Centro contabiliza 3.892 casos confirmados, seguida pelo Algarve (399) e o Alentejo (287).

Os Açores e a Madeira permanecem sem alterações com, respetivamente, 143 e 90 casos confirmados, sendo que a última região autónoma não regista mortes relacionadas com o novo coronavírus.

Por concelho, Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção (2.880), seguido por Sintra (1.934), Vila Nova de Gaia (1.600), Loures (1.447), Porto (1.414), Matosinhos (1.292), Braga (1.256) e Amadora (1.253).

Segundo o documento, 765 óbitos são mulheres e 755 homens.

Por faixa etária, o maior número de mortes regista-se entre as pessoas com 80 ou mais anos (1.023), seguida pela faixa entre os 70 e os 79 anos (292).

Entre a população com idades compreendidas entre os 60 e 69 anos totalizam-se 136 mortes.

Covid-19 em Portugal

Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde (DGS).

A DGS e o Governo criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.

O Governo também lançou um site que funciona como um guia prático para apoiar cidadãos, famílias e empresas no combate aos efeitos causados pela pandemia.

Poderá ainda acompanhar a cobertura da covid-19 no Especial Coronavírus do SAPO24.

Os dados da DGS revelaram ainda 49 mortes na faixa etária entre os 50 e os 59 anos, 17 entre os 40 e os 49 anos, uma entre os 30 e os 39 anos e duas na faixa etária dos 20 aos 29 anos.

Do total de casos de infeção confirmados, 20.902 são mulheres e 16.134 homens.

A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (6.214), seguida da faixa entre os 50 e os 59 anos (5.995) e das pessoas com idade compreendida entre os 30 e os 39 anos (5.804).

Entre os casos de infeção confirmados, 431 estão internados, mais doze do que no domingo, e 73 em unidades de cuidados intensivos, mantendo o número dia anterior.

A DGS apontou ainda que, considerando 91% do total de casos confirmados, 38% apresentaram tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 20% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 11% dificuldade respiratória.

A aguardar o resultado laboratorial estão 1.241 pessoas e em vigilância pelas autoridades de saúde 30.703.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 433 mil mortos e infetou mais de 7,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.