Portugal regista hoje 1.455 mortes relacionadas com a covid-19, mais 8 do que na quarta-feira, e 33.592 infetados, mais 331, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde.
Desde o dia 29 de maio (350 novos infetados) que o número de novos casos diários não ultrapassava os 300, algo que aconteceu ontem (366) e hoje. Antes, é preciso recuar até ao dia 8 de maio (553) para verificar um novo número de casos diários superior às três centenas.
Em comparação com os dados de quarta-feira, em que se registavam 1.447 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 0,6%. Já os casos e infeção subiram 1%.
Na Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se tem registado maior número de surtos, há mais 309 casos de infeção (+2,6%), um número que corresponde a 93,4% dos novos casos do dia de hoje. É nesta região que Graça Freitas destacou os concelhos de Loures, Lisboa, Almada, Seixal, Barreiro, Vila Franca de Xira e Sintra como sendo "as zonas com mais casos por 100 mil habitantes, desde 1 de maio a 1 de junho".
A preocupação com a região de Lisboa e Vale do Tejo leva a que atualmente se concentrem os esforços "nos rastreios nas empresas da Grande Lisboa". "Até à meia noite de ontem [quarta-feira] foram feitas cerca de 9.000 colheitas de amostras biológicas nestas empresas”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, na conferência de imprensa diária sobre a pandemia da covid-19.
De acordo com o secretário de Estado, estão previstas cerca de 5.000 colheitas para hoje.
“Em termos de rastreios estamos focados nas situações concretas da região da Grande Lisboa e nas empresas da Grande Lisboa. É aquela que neste momento apresenta uma situação epidemiológica mais ativa. Mas estamos a acompanhar o resto do país que está estável”, disse Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde, que falava na conferência de imprensa, explicou que o atual foco das autoridades de saúde está “em perceber o que se está a passar em Lisboa, detetar positivos e minimizar as cadeias de transmissão”, mas reiterou atenção a todo o território português.
“E algumas destas pessoas [de Lisboa e Vale do Tejo] deslocam-se entre áreas, mas são detetadas pelas autoridades de saúde. Em termos de rastreios estamos focados nas empresas da região de Lisboa e Vale do Tejo. O resto do país está a ser acompanhado se houver necessidade será feito, mas de momento não está a ser equacionado”, disse a diretora-geral da Saúde.
Já foram detetadas 600 mutações do novo coronavírus em Portugal
A habitual conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde teve esta quinta-feira como convidado Fernando Almeida, presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que abordou o trabalho de investigação do instituto em 116 concelhos revelando que, em Portugal, já foram detetadas 600 mutações diferentes do novo coronavírus
"São mutações em relação ao vírus inicial de Wuhan. Cada vírus tem uma mutação por semana, alguns até têm mais. Este número permite-nos perceber até que ponto há alguma variabilidade", afirmou, explicando que em Portugal continua a ser feito o estudo à variabilidade genética, sequenciação do genoma do vírus.
Fernando Almeida diz que "cerca de 90% destas mutações são todas iguais à grande maioria na Europa". "Partilham as mesmas mutações. Isto significa que estas mutações são associadas ao vírus que está a circular mais na Europa”, sublinhou.
O secretário de Estado da Saúde, António Sales, disse ainda que "o INSA está também a colaborar ativamente com as autoridades de saúde locais para perceber o cenário regional das cadeias de transmissão”.
Ainda na conferência de imprensa, Fernando Almeida alertou para o facto de um teste serológico não ser um teste de diagnóstico. “Fazer um teste serológico, se é a deteção de anticorpos, não é um teste usado para diagnóstico. As pessoas que o fazem devem de forma definitiva saber que não é um teste de diagnóstico. Não lhes confere a garantia de imunidade nem de que não são transmissores ou portadores”, diz.
A realização dos testes serológicos fazem parte de um grande estudo para avaliar a imunidade da população portuguesa ao novo coronavírus. O inquérito começou a 25 de maio e vai-se prolongar até 12 de junho. Os resultados preliminares deverão ser conhecidos na primeira quinzena de julho.
“Muitas pessoas têm contactado o INSA oferecendo-se para fazer o teste serológico”, contou Fernando Almeida, explicando que o estudo não se pode basear nestas ofertas, mas sim assentar num conjunto de amostras que cumpram critérios que permitam dali extrair um retrato do país.
De acordo com Fernando Almeida, este primeiro estudo será repetido cinco meses depois de concluído. “Depois, de três em três meses, vamos fazer o seguimento para determinar a prevalência de imunização”, esclareceu.
“Lá para 15 de julho, na primeira ou segunda semana de julho, talvez possamos dar alguns resultados preliminares. A amostra é relativamente pequena: não podemos ter o melhor dos mundos”, disse.
O responsável pelo Instituto Ricardo Jorge alertou ainda para os falsos resultados negativos que podem advir dos testes e dar uma falsa sensação de segurança, salientando que no sentido contrário, os falsos positivos são menos comuns.
Portugal manterá posição “cautelosa” de não recomendação do uso da hidroxicloroquina
“A Direção-Geral da Saúde [DGS] e o Infarmed estão a acompanhar a situação e por enquanto vamos ser cautelosos e não vamos fazer a recomendação da utilização em Portugal. Vamos acompanhar os ensaios e o que se passa nos outros países”, disse Graça Freitas que falava na conferência de imprensa diária de balanço sobre a pandemia de covid-19 em Portugal.
A diretora-geral da Saúde disse que Portugal vai continuar a aderir aos ensaios em que já fazia parte da investigação, mas manterá, reiterou, “uma posição de precaução”.
“Mas isto é uma situação mutável e que evolui todos os dias. A DGS e o Infarmed acompanham todos os dias o que se está a passar em todo o mundo para poder adequar a utilização deste medicamento às suas recomendações e para que o seu uso seja seguro”, disse Graça Freitas .
A OMS anunciou na quarta-feira que vão ser retomados os ensaios clínicos com hidroxicloroquina em doentes com covid-19, suspensos há mais de uma semana por preocupações com a segurança daquele medicamento.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, anunciou que o painel que analisa a segurança de medicamentos concluiu que “não há razão para alterar o protocolo dos ensaios clínicos solidários e recomendou que continuem em todas as vertentes”.
Assim, os ensaios clínicos com a hidroxicloroquina vão continuar no grupo de mais de 3.500 pacientes voluntários de 35 países.
O Boletim em detalhe
A região Norte continua a registar o maior número de infeções, totalizando 16.819, seguida pela região de Lisboa e Vale do Tejo, com 12.137, da região Centro, com 3.770, do Algarve (376) e do Alentejo (262).
Os Açores registam 138 casos de covid-19 e a Madeira contabiliza 90 casos confirmados, de acordo com o boletim hoje divulgado.
A região Norte continua também a ser a que regista o maior número de mortos (801), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (383), do Centro (240), do Algarve e dos Açores (ambos com 15) e do Alentejo, que regista um óbito, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de quarta-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.
Segundo os dados da Direção-Geral da Saúde, 737 vítimas mortais são mulheres e 718 são homens.
Das mortes registadas, 981 tinham mais de 80 anos, 279 tinham entre os 70 e os 79 anos, 129 tinham entre os 60 e 69 anos, 46 entre 50 e 59, 17 entre os 40 e os 49. Há duas mortes registadas entre os 20 e os 29 anos e uma na faixa etária entre os 30 e os 39 anos.
A caracterização clínica dos casos confirmados indica que 445 doentes estão internados em hospitais, mais 17 do que na quarta-feira (+4%), dos quais 58 em Unidades de Cuidados Intensivos, mais dois (+3,6%).
A recuperar em casa estão 11.369 pessoas.
Os dados da DGS precisam que o concelho de Lisboa é o que regista o maior número de casos de infeção pelo novo coronavírus (2.536), seguido por Vila Nova de Gaia (1.580), Porto (1.401), Sintra (1.400), Matosinhos (1.285), Braga (1.230) e Gondomar (1.087).
Desde o dia 01 de janeiro, registaram-se 333.106 casos suspeitos, dos quais 1.741 aguardam resultado dos testes.
Há 297.773 casos em que o resultado dos testes foi negativo, refere a DGS, adiantando que o número de doentes recuperados subiu para 20.323 (mais 244).
A DGS regista também 28.685 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Do total de infetados, 19.232 são mulheres e 14.360 são homens.
A faixa etária mais afetada pela doença é a dos 40 aos 49 anos (5.638), seguida da faixa dos 50 aos 59 anos (5.509) e das pessoas com idades entre os 30 e os 39 anos (5.130).
Há ainda 4.619 doentes acima dos 80 anos, 4.530 com idades entre os 20 e os 29 anos, 3.623 entre os 60 e 69 anos e 2.654 entre 70 e 79 anos.
A DGS regista igualmente 738 casos de crianças até aos nove anos e 1.151 jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.
De acordo com a DGS, 40% dos doentes positivos ao novo coronavírus apresentam como sintomas tosse, 29% febre, 21% dores musculares, 20% cefaleia, 15% fraqueza generalizada e 11% dificuldade respiratória.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 385 mil mortos e infetou mais de 6,5 milhões de pessoas em todo o mundo.
Mais de 2,8 milhões de doentes foram considerados curados pelas autoridades de saúde.
[Artigo corrigido às 16:09 — Substitui "sorológicos" por "serológicos" no lead desta peça]
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