Em declarações aos jornalistas, depois de uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa, Rui Rio afirmou que é “dever” do PSD, pelo “interesse nacional”, apoiar “todas as medidas que o Governo entenda necessárias, mesmo que não sejam medidas simpáticas”.
O presidente dos sociais-democratas sublinhou até que é preferível “prevenir do que remediar, como diz o povo”, e tomar “medidas mais além”, de forma a evitar situações como a que é vivida em Itália.
“Estamos a viver uma situação de gravidade, eventualmente mais agrave do que aquilo que se pensava” inicialmente, afirmou ainda Rio, ladeado pelos deputados Adão Silva e Ricardo Baptista Leite.
Se saiu ou não satisfeito da reunião, Rio evitou uma resposta direta, tal como não quis falar ao pormenor do que foi comunicado pelo Governo na reunião na Residência Oficial de São Bento, em Lisboa, e evitou qualquer posição crítica nesta fase.
“Não nos compete andar a procurar diferenças ou críticas relativamente ao Governo”, afirmou, admitindo que “mesmo que haja alguma critica” a fazer, “ela pode ser feita pelo telefone ou pessoalmente”.
E concluiu que este “não é momento para andar publicamente a aproveitar isso”.
Uma das sugestões que já deu ao Governo foi o lançamento de uma campanha de informação nos media a alertar para os comportamentos a ter.
Sobre o eventual encerramento de escolas, antecipando as férias da Páscoa, Rui Rio disse que ia "mais além" dessa decisão, porque "não adianta" se "os estudantes venham a encontrar-se" noutros locais.
A quarentena "não é estar de férias", "é estar resguardado e não ter contacto social", afirmou, sublinhando que é necessário tomar "medidas colaterais que evitem que se anule a medida tomada" e evitar, por exemplo, viagens de finalistas.
Abertamente, o presidente dos sociais-democratas defendeu medidas restritivas, dado que nada fazer trará muitos mais prejuízos.
"Prefiro um prejuízo controlado e evitar prejuízos maiores do que procurar", admitiu.
Pessoalmente, Rui Rio revelou que, para se proteger, tenta "não falar muito próximo" de pessoas, evitar espaços com muitas pessoas e tocar em locais onde muita gente também toca.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou hoje o número de infetados, que registou o maior aumento num dia (19), ao passar de 59 para 78, dos quais 69 estão internados.
A região Norte continua a registar o maior número de casos confirmados (36), seguida da Grande Lisboa (17) e das regiões Centro e do Algarve (três cada).
O boletim divulgado hoje assinala também que há 133 casos a aguardar resultado laboratorial e 4.923 contactos em vigilância, mais 1.857 do que na quarta-feira.
No total, desde o início da epidemia, a DGS registou 637 casos suspeitos.
O Conselho Nacional de Saúde Pública recomendou na quarta-feira que só devem ser encerradas escolas públicas ou privadas por determinação das autoridades de saúde.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, considerou que esta recomendação "faz sentido" e que o encerramento de escolas será feito de forma casuística "analisando o risco, caso a caso, situação a situação".
Várias universidades e outras escolas já decidiram suspender as atividades letivas.
As medidas já adotadas em Portugal para conter a pandemia incluem, entre outras, a suspensão das ligações aéreas com a Itália, a suspensão ou condicionamento de visitas a hospitais, lares e prisões, e a realização de jogos de futebol sem público.
O novo coronavírus responsável pela Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.
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