“A prioridade do BCE, que o governador subscreve, é garantir a liquidez do setor financeiro e, desta forma, criar condições para a continuidade do financiamento da economia real e das famílias. Trata-se de uma condição necessária, mas não suficiente”, sustenta Carlos Costa numa nota escrita enviada à agência Lusa.
Na opinião do governador do BdP, está-se atualmente “perante um risco de crédito, e não apenas de liquidez”, sendo “a garantia de liquidez condição necessária, mas não suficiente, para assegurar a continuidade do financiamento”.
Neste sentido, sustenta, “são necessários mecanismos públicos de garantia de crédito, nomeadamente através das instituições financeiras de caráter promocional”, o que “significa que os governos nacionais e as instituições europeias têm um papel fundamental e decisivo a desempenhar”.
Considerando que “a política monetária tem que ser fortemente orientada para o apoio à economia europeia afetada pela pandemia”, Carlos Costa diz apoiar “as medidas destinadas a assegurar a continuidade do financiamento das empresas que estejam confrontadas com dificuldades de tesouraria e da economia em geral”.
Neste contexto, diz na nota enviada à Lusa, “o Conselho de Governadores do BCE adotou um pacote de instrumentos suficientemente flexível para responder aos riscos que se estão a colocar às economias da área do euro e usará a margem de manobra existente nas regras de compra de ativos”.
Com vista a assegurar a estabilidade financeira na zona euro perante as “circunstâncias desafiadoras” do surto de Covid-19, o BCE anunciou na quinta-feira que vai lançar novos empréstimos alargados aos bancos com taxas vantajosas, na condição de ser concedido crédito às famílias e às empresas.
Para evitar incumprimentos associados à pandemia, o BCE informou que vai dar "condições mais favoráveis" aos bancos na próxima linha de empréstimos, que vai decorrer a partir de junho de 2020, quando chegar ao fim a atual série de operações do mesmo género, e até junho de 2021.
A medida destina-se a "apoiar os empréstimos concedidos àqueles que são mais afetados pelo coronavírus, particularmente as pequenas e médias empresas [PME]", explicou a instituição.
O BCE decidiu, ainda, aumentar as compras de dívida pública e privada, com foco nas empresas.
Também na quinta-feira, a presidente do BCE, Christine Lagarde, considerou que a pandemia representa um "choque importante" para a economia da zona euro e exige uma "resposta orçamental ambiciosa e coordenada" dos governos.
Para esta responsável, existe "um considerável agravamento das perspetivas de crescimento a curto prazo" na zona euro, pelo que remeteu respostas para os países, após uma série de medidas de apoio monetário anunciadas pelo banco central.
Esta semana, a Organização Mundial de Saúde declarou a doença Covid-19 como uma pandemia e na quinta-feira à noite o Governo português declarou estado de alerta.
Desde dezembro do ano passado, o novo coronavírus infetou mais de 131 mil pessoas, das quais mais de metade recuperou da doença. A covid-19 provocou quase cinco mil mortos em todo mundo.
Em Portugal, os últimos números da Direção-geral de Saúde apontam para 112 doentes, não havendo até ao momento registo de qualquer morte.
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