A crise começou quando o chanceler Olaf Scholz convocou, esta quarta-feira, uma moção de confiança para 15 de janeiro, o que pode levar o país a eleições antecipadas em março de 2025, meio ano antes do previsto. A decisão foi revelada depois de demitir o ministro das Finanças, Christian Lindner, líder do FDP.

O anúncio foi feito pelo líder do governo alemão, em conferência de imprensa, depois de uma reunião na chancelaria em que os três partidos que formam a coligação “semáforo” - o Partido Social Democrata (SPD), os Verdes, e os Liberais - se sentaram para discutir a continuidade desta união.

Scholz acusou Lindner de ter “quebrado” a sua confiança com “muita frequência” e de ter como único interesse a política de clientelismo e a sobrevivência a curto prazo do seu próprio partido.

“Um tal egoísmo é incompreensível. Já não há confiança em trabalhar com Lindner (…) Não quero que o nosso país passe por este tipo de comportamento”, disse o chanceler, sublinhando que “gostaria de ter poupado” o país a esta “decisão difícil”, especialmente em tempos difíceis.

Além desta demissão, três outros ministros do Partido Democrático Liberal apresentaram a demissão ao fim da noite de quarta-feira, provocando uma crise na coligação governamental alemã.

No dia seguinte foi anunciado que o especialista em questões económicas, Jorg Kukies, 56 anos, iria assumir a pasta das Finanças num governo em crise, que já não tem maioria no Parlamento de Berlim e no qual apenas restam representantes dos partidos Social-Democrata (SPD) e Verdes.

Entretanto, Volker Wissing, o Ministro dos Transportes, retirou a demissão e disse aos jornalistas na manhã de ontem, em Berlim que, depois de falar com Scholz, tinha decidido continuar como ministro, abandonando o partido.

Os outros dois ministros do FDP que se demitiram podem vir a ser substituídos.

Como funciona a coligação alemã?

A Alemanha é governada há três anos, e até quarta-feira, por uma coligação muito frágil designada de “Semáforo” que junta os partidos SPD de Olaf Scholz (vermelho), os liberais FDP (amarelo) e os Verdes.

Olaf Scholz demitiu o seu ministro das Finanças, Christian Lindner, que é simultaneamente o líder do FDP o que causa imediatamente um problema na coligação.

Scholz não tem maioria no parlamento?

Não. O governo necessita agora de ver aprovada uma moção de confiança convocada pelo chanceler para 15 de janeiro.

Quais as preocupações para a Europa?

Uma grande crise política na Alemanha pode ter impacto económico na Europa, sendo que o país é um grande ativo no contexto europeu.

Esta crise do governo de Scholz surge num momento particularmente complicado, no sentido em que a Alemanha está a passar por uma crise industrial e o mundo receia as possíveis consequências da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos a nível económico e de segurança.

*Com Lusa