"Neste momento, estamos num período onde está a haver muito menos libertação de energia e com muito menos frequência horária de sismos. Estamos num período de maior acalmia, mas pode ser simplesmente uma fase", disse à Lusa Rui Marques, apontando que ao longo da crise têm-se registado "períodos com maior e menor libertação de energia".

A crise sísmica ocorre numa zona entre os 25 e os 35 quilómetros a oeste do Faial e já provocou mais de cinco mil eventos, entre os quais 48 sismos sentidos pela população, sete destes com magnitude superior a 4 na escala de Richter.

O mais intenso sismo desta crise sísmica foi registado a 18 de novembro, pelas 8:41, e teve magnitude de 4,7.

Nesse mesmo dia, às 23:19, foi registado um sismo com epicentro a 60 quilómetros sudeste da ilha de São Miguel, com magnitude de 4,5.

Contudo, não existe qualquer ligação entre este fenómeno e a crise sísmica do Faial, assegura o presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).

"Em São Miguel tivemos um sismo e foi um sismo isolado. Não existiu nenhum antes, nem depois. Não é propriamente um incremento de atividade. Foi um sismo completamente isolado numas das zonas sismogénicas dos Açores, onde, de quando em vez, há sismos", assinala.

Sobre a duração da crise sísmica do Faial, que se estende há seis semanas, Rui Marques aponta que este é o "maior incremento de atividade" deste ano naquela zona, mas frisa que não se trata de uma situação "anormal".

"Se olharmos para o histórico de sismicidade para este setor a oeste do Faial, existem casos em que a atividade sísmica durou quatro meses. Não é completamente anormal estes picos de atividade mais duradouro", destacou.

Rui Marques frisou que a crise sísmica está a ocorrer a "dezenas de quilómetros" do Faial e que as magnitudes registadas não têm "energia suficiente para produzir danos", mas apontou que a "população deve estar preparada".

"Não devemos dizer que não há motivo para alarme, como também não devemos dizer o contrário. A população deve estar preparada, vivemos num arquipélago que é sismicamente e vulcanicamente ativo. Por isso, quem reside nos Açores deve ter os seus cuidados", considerou.

Os sismos são classificados segundo a magnitude, de acordo com a escala de Richter, como micro (menos de 2,0), muito pequeno (2,0-2,9), pequeno (3,0-3,9), ligeiro (4,0-4,9), moderado (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grande (7,0-7,9), importante (8,0-8,9), excecional (9,0-9,9) e extremo (quando superior a 10).