Assunção Cristas referia-se às declarações da bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, que na segunda-feira afirmou, citada pelo jornal Público, que doentes ficaram dois dias sem alimentação e medicamentos, numa unidade de saúde que não especificou.

"O Governo tem um compromisso sério, que eu acho que é relevante, em matéria de défice, mas ficou obcecado pelo défice. Falha no crescimento económico, e sem crescimento económico não há receita para poder manter o mínimo de qualidade de serviços públicos, com todas as outras medidas que entretanto foi tomando", argumentou, referindo-se, nomeadamente, à reposição das 35 horas de trabalho semanal.

A líder centrista sublinhou que, notícias como as das afirmações da bastonária da Ordem dos Enfermeiros "sucedem-se": "Os sindicatos estão mais silenciados, já sabemos porquê, mas as ordens profissionais têm sido ativas na denúncia de situações gritantes e que nos chocam a todos".

"Primeiro, é preciso apurar se foi exatamente assim, apurar onde, como, quando é que isto se passou. Depois, pedir explicações ao Ministério da Saúde. A ser verdade, no nosso entender, isto é mais um dos exemplos gritantes que o CDS tem sinalizado de cortes cegos, cativações da despesa, cegamente, sem olhar aquilo que se está a cortar", declarou.

Para a líder centrista, "a saúde tem tido uma multiplicação de exemplos negativos", sublinhando o impacto não só das cativações mas de outras medidas do Governo, como a reposição das 35 horas de trabalho semanal na Função Pública.

"A medida das 35 horas, por exemplo, só no setor da saúde e na área da enfermagem, significa suprimir 200 mil horas por semana de assistência de enfermeiros. Ou não estão lá e o serviço degrada-se, ou, a estarem, tem de haver mais custo porque têm de ser pagas horas extra, que muitas vezes também estão em dívida", sustentou.

Assunção Cristas, que é candidata à autarquia de Lisboa, visitou hoje um externato no centro da capital, acompanhada pelo vereador centrista na Câmara de Lisboa, João Pereira Gonçalves, e pelo líder da concelhia do CDS-PP e deputado municipal, Diogo Moura.

O objetivo da visita, de acordo com Assunção Cristas, foi chamar a atenção para a necessidade de rejuvenescimento da capital, já que aquela zona, da Avenida da República, é "bastante envelhecida", sendo o externato frequentado sobretudo por crianças cujos pais trabalham nas imediações mas residem fora.

Para contribuir para o povoamento da cidade por famílias mais jovens, a presidente do CDS e candidata a Lisboa, defende o aumento da oferta do pré-escolar a partir dos três anos, estabelecendo um compromisso autárquico.

"Connosco este compromisso será perfeitamente assumido: a partir dos três anos, a garantia de que há oferta", declarou.

Questionada se para cumprir esse objetivo deverá ser aumentada a oferta pública, Cristas respondeu: "No detalhe, estudaremos. Há várias soluções, o que nos interessa é estabelecer um objetivo concreto".