"A nossa reação é de estupefação, de indignação, porque no local próprio, que é o parlamento, as perguntas são feitas e não são respondidas, e, de repente, as notícias dão os factos como consumados, como se a Santa Casa atuasse por sua conta própria, sem ter de prestar contas ao Governo ou receber indicações por parte do Governo numa matéria tão sensível quanto esta", defendeu Assunção Cristas.
À saída de uma iniciativa no Colégio Marista da Parede, concelho de Cascais, a líder centrista argumentou que "tem de haver uma responsabilidade política ao mais alto nível por parte do ministro Vieira da Silva, mas também por parte do primeiro-ministro nesta matéria".
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Edmundo Martinho, revelou hoje que a instituição vai entrar no capital da Caixa Económica do Montepio Geral, adiantando, numa entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, que o negócio será fechado nas próximas semanas.
"Não achamos admissível que, de repente, haja notícias de um facto consumado, aparentemente, sem que os responsáveis políticos que tutelam a Santa Casa da Misericórdia nos digam como e porquê é que a Santa Casa entra no capital do Montepio", questiona Assunção Cristas.
Segundo Edmundo Martinho, a entrada da SCML está "em linha com o que a própria associação mutualista decidiu na semana passada de autorizar a direção da mutualista a alienar até 2% do seu capital", entrando com outras misericórdias e Instituições Particulares de Segurança Social (IPSS) para alcançar o investimento necessário.
O valor a entregar pela SCML pode chegar no máximo aos 30 milhões de euros, ou seja 4% do ativo da instituição, acrescentou.
A presidente do CDS questiona, desde logo, como se apuraram os valores em causa: "Faz sentido este valor? A dada altura nós ficamos na dúvida sobre sequer qual é o objetivo. É a Santa Casa puder vir a influenciar as decisões do Montepio? O que é que está por detrás disto?", Interroga-se.
"Para nós, é tudo menos claro e, nesta matéria não podem ficar equívocos, além do mais com o setor da banca, com tantos problemas que deu nos últimos anos. Se há aqui algum problema, que seja visto e seja resolvido, mas não desta forma, em que não se percebe quais são os interesses em jogo, porque estes valores, qual é a razão da entrada", sustentou.
Além das interrogações, Assunção Cristas tem a posição de princípio de não aceitar que "dinheiro público, que vem do jogo social para afetar a ação social", seja destinado a um banco, "eventualmente para resolver problemas desse mesmo banco".
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