"O tempo de Cheney acabou", diz Mike Schaefer, de 37 anos, que se ressente por ela ser "tão anti-Trump".

Em Washington, a congressista co-preside um comité da Câmara de Representantes que investiga o papel de Trump no ataque violento dos seus apoiadores ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

De tom marcial e assertivo, a deputada trabalha há mais de um ano para desmantelar a teoria promovida por Trump e pelos seus aliados de que a eleição de 2020 foi “roubada” e que milhões dos seus apoiantes ainda acreditam, apesar das provas em contrário.

"Não poderemos ser livres se abandonarmos a verdade", disse Cheney, prometendo fazer tudo o que puder para garantir que Trump nunca retorne à Casa Branca.

Na terça-feira, Cheney espera ser reeleita no Wyoming, onde mais de 70% dos eleitores apoiaram Trump contra o democrata Joe Biden na última eleição presidencial.

Em retaliação pelo seu papel na investigação do comité da Câmara, Trump desencadeou a sua fúria sobre ela, e o ex-presidente não mede palavras, chamando-a de "desleal", enquanto aposta as fichas na sua adversária, Harriet Hageman, uma advogada de 59 anos com quem se aliou em maio.

Não importa se Cheney, filha do ex-vice-presidente Dick Cheney e descendente da direita tradicional, é pró-armas ou anti-aborto. No Wyoming, o estado menos populoso dos Estados Unidos, já não tem uma base sólida.

A sua participação na investigação sobre Trump e a sua comitiva já lhe rendeu ameaças de morte, razão pela qual agora viaja com escolta policial.

A mulher de 56 anos é tratada como uma pária pelo Partido Republicano do Wyoming, cujo presidente participou nos protestos no dia da tomada do Capitólio.

No seu estado, o primeiro a conceder às mulheres o direito ao voto em 1869, como lembra um mural no centro de Cheyenne, a deputada foi forçada a realizar uma espécie de campanha clandestina, sem comícios eleitorais ou eventos públicos.

As sondagens mais recentes colocam-na 20 ou 30 pontos atrás da sua concorrente, que cresceu num rancho e encarna "a ética do cowboy de Wyoming": é "trabalhadora", "honesta" e comprometida com "os nossos recursos e terras" — ao contrário da forma como é encarada Cheney, parte de uma dinastia política, associada a Washington e aos jogos partidários.

Apoiado numa imponente mota vermelha, Bill Gonzales, de 59 anos, é um dos poucos eleitores que a AFP encontrou que defende Cheney, afirmando que ela "defende o que é certo" para o país. "Vivemos nos Estados Unidos da América. As nossas eleições são seguras e são justas. E quem diz que não está a mentir, pura e simplesmente", diz.

"Se a Sra. Cheney ganhar, eu garanto que um certo número de pessoas vai dizer que a eleição foi defraudada". "E não, não terá sido", conclui.

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