Noticia o The Guardian que o governo da cidade Seul, na Coreia do Sul, "provocou raiva" por oferecer conselhos a mulheres grávidas. À partida, até se poderia apresentar como uma medida normal, mas o problema está no conteúdo destas dicas.

As diretrizes foram publicadas online pelo centro de informação sobre gravidez e nascimentos do governo da cidade e já foram, entretanto, removidas. No entanto, segundo o jornal local Korea Herald, o conteúdo terá sido supervisionado pela Sociedade Coreana de Obstetrícia e Ginecologia.

Na fase inicial, por exemplo, era sugerido que as grávidas evitassem adiar as tarefas domésticas, uma vez que isso poderia contribuir para a manutenção de um peso saudável.

Dentro do leque de conselhos para controlo de peso, foi também sugerido pelo governo que "pendure as roupas que usava antes de engravidar num local onde seja fácil de ver, porque isso irá motivá-la a manter o seu peso sob controlo e voltar ao mesmo peso que tinha antes de dar à luz". "Se for tentada a comer em excesso ou a saltar o exercício físico, dê uma vista de olhos às roupas", acrescentava a nota governativa.

À medida que o dia do parto se iria aproximando, as mulheres eram convidadas a fazerem uma revisão no frigorífico e a deitarem para o lixo a comida que estivesse a entrar no limite do prazo de validade.

Para além disto, as mulheres grávidas deviam preparar três ou quatro refeições para a casa, diz o The Guardian, como caril ou sopa. O objetivo era o de que os maridos que iriam ter de ficar em casa sozinhos enquanto a mulher dá à luz — e "que não estão habituados a cozinhar" — pudessem simplesmente aquecer a comida já preparada.

"E comprem uma fita para o cabelo para que não fiquem despenteadas depois de terem o bebé", podia ler-se na nota do governo da cidade sul-coreana, que aconselhava também as grávidas a deixarem preparadas alguns dias de mudas de roupa para o marido e filhos.

"Como estará no hospital cerca de três a sete dias, deve deixar preparada roupa interior limpa, meias, camisas, lenços e agasalhos na gaveta, para que o seu marido e filhos possam mudar", podia ler-se.

As críticas ao conteúdo não tardaram a surgir online. De acordo com a agência noticiosa sul-coreana Yonhap, o público feminino questionou se o governo ainda acha "que as mulheres casadas são as governantas dos maridos", referindo também a dificuldade de desempenhar algumas das tarefas sugeridas no final da gravidez.

De notar que esta não é primeira vez que orientações do governo sul-coreano são criticadas internacionalmente. Em 2018, algumas diretrizes para estudantes do ensino secundário ficaram debaixo de fogo por sugerirem que "as mulheres têm de trabalhar na sua aparência e os homens têm de trabalhar na melhoria das suas capacidades financeiras".