As denúncias de abusos sexuais por parte de membros do clero e responsáveis eclesiásticos triplicaram nos Estados Unidos entre julho de 2018 e junho de 2019, de acordo com o Relatório do Secretariado para a Protecção de Crianças e Adolescentes da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB, da sigla em inglês).
Segundo os números do relatório, citados no Vatican News, houve 4.434 denúncias de abuso relativas a 2983 responsáveis da Igreja Católica. Pouco mais de um terço (1034) já foi considerado credível. Os denunciantes, acrescenta ainda o Religión Digital, são, na maioria, homens entre os 40 e os 60 anos, que sofreram abusos na infância.
Este 17º Relatório anual do Secretariado para a protecção de crianças e adolescentes da Conferência Episcopal dos Estados Unidos (USCCB) sobre casos de abusos revela um crescimento exponencial do número de queixas nos últimos anos: de 693 em 2017, para 1451 em 2018 e, agora, as 4434. Praticamente todas referentes às décadas entre 1960-1980.
O aumento explica-se pela quebra de preconceitos como o medo e a vergonha, mas também à mudança de leis em estados como Califórnia, Nova Iorque ou Nova Jersey, em que a prescrição do crime de abuso sexual deixou de existir, permitindo a muitas vítimas sobreviventes poder agora apresentar a sua queixa. Este dado é confirmado pelo facto de apenas 37 das novas queixas registadas terem sido feitas em 2019. Dessas, o Vatican News detalha: oito estão confirmadas, sete eram infundadas, seis tinham provas insuficientes, doze estão ainda sob investigação, três são referentes a membros de ordens religiosas e uma é referente a uma outra diocese.
O relatório, que tem também em conta a “Carta de Dallas”, publicada pelos bispos dos EUA em 2002, refere também que o aumento de queixas levou várias dioceses a declarar bancarrota. Só no ano passado, a Igreja Católica pagou 281,6 milhões de dólares para pagar indemnizações ou outros gastos. Em outros casos, as dioceses estabeleceram programas de compensação para as vítimas. De acordo com o Vatican News, já houve apoio psicológico prestado a 1138 novas vítimas e familiares, que se somaram a outras 1851 pessoas de denúncias dos anos anteriores.
Também no ano passado, foram verificados os antecedentes de 2,6 milhões de responsáveis do clero, funcionários e voluntários a trabalhar em instituições católicas. Por outro lado, 2,6 milhões de adultos e 3,6 milhões de crianças e jovens estavam envolvidos em programas de informação e conscientização para ajudar a reconhecer e denunciar abusos.
Papa intervém contra bispo na Polónia e padre na Argentina
Na Polónia, o Papa Francisco nomeou entretanto uma administrador provisório para a diocese de Kalisz, em substituição do bispo Edward Janiak, acusado de ter encoberto casos de pedofilia, anunciou o Vaticano nesta sexta-feira, 26 de Junho.
O Papa encarregou o arcebispo de Lodz, Grzegorz Rys, do governo provisório da diocese vizinha administrador apostólico de Kalisz (ambas se situam no centro da Polónia, a leste de Varsóvia), enquanto se conclui a investigação do caso, autorizada no início de Junho. A decisão surge na sequência da emissão de um documentário sobre a pedofilia, no qual o bispo Janiak era referido explicitamente. Depois da difusão do programa, que foi visto no YouTube por mais de sete milhões de pessoas, o arcebispo Wojciech Polak, primaz da Polónia, pediu ao Vaticano para iniciar investigações sobre os casos que eram referidos.
O filme conta a história de dois irmãos vítimas de um padre que teria a protecção do bispo Janiak. Já na Argentina, o Papa decidiu expulsar do ministério o padre Daniel Omar Acevedo, também por causa das acusações de abuso sexual de menores. O bispo Jorge García, da diocese de Río Gallegos, onde o padre Daniel trabalhava, referiu-se à “grande vergonha” que os factos significavam.
De acordo com o jornal digital chileno KairosNews, parceiro do 7MARGENS, o Conselho Pastoral para la Protecção de Menores e Adultos Vulneráveis, da Confereência Episcopal Argentina, confirmou a expulsão do estado clerical a Daniel Omar Acevedo. O que significa perder todos os direitos próprios do estado clerical, e numa decisão que não tem apelo.
O caso remonta a 2016, quando um jovem adulto de 23 anos apresentou uma denúncia relativa a factos ocorridos quanto tinha 15 anos, quando o padre tentou abusar dele. Dois anos depois, o assédio votou a acontecer e , quando o jovem já tinha 18 anos, houve um terceiro episódio, já numa localidade diferente para onde o denunciante se mudara entretanto.
Nas declarações a propósito do caso, o bispo Jorge García acrescentou que quer as vítimas do (agora ex-)padre em causa quer o próprio foram os primeiros a ser notificados da decisão do Papa.
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