“Saímos parcialmente satisfeitos [da reunião] por haver diálogo [com a tutela] e abertura para avaliar outras soluções, mas relativamente às medidas concretas para o momento não são suficientes”, afirmou à agência Lusa Sérgio Ferreira, presidente da Associação Interprofissional de Horticultura do Oeste (AIHO), uma das associações promotoras do protesto, que se reuniram com o secretário de Estado da Agricultura, Rui Martinho.

Contudo, as associações tencionam manter “em aberto” as negociações com a tutela no sentido de serem encontradas mais soluções para enfrentarem a crise no setor, acrescentou.

Sérgio Ferreira adiantou ainda que, da parte do secretário de Estado, as associações agrícolas obtiveram o compromisso de os apoios para a eletricidade verde “serem também ao consumo, além de serem também aplicados à potência contratada”.

A tutela, segundo o dirigente, vai também continuar a abrir avisos de candidaturas a fundos comunitários para a construção de infraestruturas para o armazenamento de água, para combater os períodos de seca, e para a instalação de painéis fotovoltaicos.

Além dos 27 milhões de euros já anunciados, foram prometidos mais 57 milhões de euros de apoio direto à produção, através do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural.

A tutela pretende igualmente colocar em funcionamento em junho o Observatório de Preços, cuja criação foi anunciada na semana passada, para começar a reunir dados para a Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar avançar com uma efetiva regulação dos preços dos produtos agrícolas.

O presidente da AIHO adiantou também que Rui Martinho demonstrou “abertura” para vir a aproveitar as águas das Estações de Tratamento de Águas Residuais para regadio agrícola, assim como para avaliar a possibilidade de vir a isentar os agricultores do pagamento do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) aplicado ao gasóleo agrícola e de prolongar, a partir de julho, a isenção da taxa de carbono.

“Com a isenção do ISP teríamos um impacto de menos sete cêntimos por litro e teremos de pagar mais seis cêntimos da taxa de carbono, se a sua isenção não for prolongada”, estimou Sérgio Ferreira.

Mais de uma centena de tratores agrícolas circularam em marcha lenta e a buzinar entre a Lourinhã (distrito de Lisboa) e Caldas da Rainha (distrito de Leiria), onde entregaram um caderno reivindicativo na delegação da Direção Regional de Agricultura de Lisboa e Vale do Tejo, devido ao aumento dos custos de produção, que não conseguem refletir no preço de venda dos produtos ao consumidor final.

Entre março de 2021 e março deste ano, os custos com os fatores de produção aumentaram 166,5% e a eletricidade, necessária para combater o período de seca, 28,7%, referiram as associações que promoveram o protesto (AIHO, Louricoop, Adega Cooperativa da Lourinhã e Cooperativa Agrícola de Peniche), citando dados oficiais.

Só no primeiro trimestre deste ano, o gasóleo simples aumentou 33% e o gasóleo verde 43%, sendo indispensáveis às tarefas mecanizadas e à rega na agricultura, assim como às atividades logísticas do setor, indicaram ainda as associações.

Citando dados do Instituto Nacional de Estatística, as organizações promotoras da marcha lenta alertaram igualmente para variações negativas nos índices de preços dos hortícolas frescos e da batata, comparando 2021 e 2022, sendo de -25,6% nos hortícolas e de -20,3% na batata entre janeiro de cada ano.

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