O anúncio de Wallis ocorre em um contexto de debate, muitas vezes tóxico, sobre os direitos das pessoas trans e a identidade de género na política e na sociedade britânicas.
"Sou trans. Ou, para ser mais exato, quero ser. Fui diagnosticado com disforia de género e sinto-me assim desde muito jovem", escreveu numa declaração publicada no Twitter, adiantando que, para já, prefere ser tratado com os pronomes ele/eles.
"Não tinha nenhuma intenção de compartilhar isto convosco", disse Wallis, de 37 anos. "Sempre imaginei que abandonaria a política muito antes de dizê-lo em voz alta", acrescentou.
Wallis afirmou que "não estava bem" depois de ter sido alvo de chantagem e de uma violação da parte de uma pessoa que conheceu na internet e considerou que chegou a hora de dizer a verdade.
O caso remonta a abril de 2020, sendo que o indivíduo em questão revelou este tema ao pai de Wallis. O sujeito entretanto foi detido e declarou-se culpado, sendo condenado a dois anos e nove meses de prisão.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, elogiou Wallis pelo seu anúncio, considerando que "precisou de uma coragem imensa" e que isso ajudará outras pessoas na mesma situação. Deputados de todos os partidos também manifestaram o seu apoio.
Wallis tomou a decisão após uma reunião de deputados conservadores na terça-feira na qual, segundo o jornal The Independent, Johnson deu as boas-vindas brincando sobre o debate surgido no Partido Trabalhista, da oposição, sobre identidade de género.
O líder conservador terá dito: "Boa noite, senhoras e senhores, ou como diria (o líder trabalhista) Keir Starmer, pessoas que são atribuídas ao sexo feminino ou masculino ao nascer".
Na semana passada, Johnson insistiu, durante um debate parlamentar, que a biologia deve ser um fator-chave na identidade.
Starmer apoiou os apelos para que as pessoas trans obtenham um reconhecimento legal do seu género baseado na autodeterminação e não num diagnóstico médico
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