31 dias sem beber, 31 dias ligados à vida. Janeiro sóbrio é a resolução de ano novo que a Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) propõe aos jovens. “Em janeiro, liga-te à vida!” é este o mote da campanha que tem como objetivo alertar os jovens para os danos relacionados com o álcool.

Num país onde em 2019, o consumo de álcool era mais elevado por parte dos homens, com 19,5 litros de álcool puro per capita por ano, do que das mulheres, que consumiam 5,6 litros, segundo dados do relatório do SICAD, de 2021, e as últimas estimativas disponíveis do WHO Global Information System on Alcohol and Health (GISAH), iniciativas como esta tornam-se relevantes para evitar que em 2024 se repitam os 39.874 internamentos hospitalares, com diagnóstico principal ou secundário atribuíveis ao consumo de álcool, envolvendo 29.965 indivíduos em Portugal, em 2021. Ou como em 2020, ano em que morreram 2.544 pessoas por doenças atribuíveis ao álcool, 26% das quais por doenças atribuíveis a doença alcoólica do fígado.

Em comunicado enviado às redações, Arsénio Santos, presidente da APEF, deixa o alerta "queremos apelar aos jovens portugueses para que adotem um estilo de vida mais saudável, durante todo o ano. O consumo de bebidas alcoólicas por parte dos jovens, sobretudo relacionado com a vida social e noturna, é muito preocupante. Segundo os dados do relatório do SICAD, podemos verificar que, no ano de 2022, em cada 10 jovens de 18 anos, 9 beberam álcool”. 

No mesmo comunicado da APEF é citado o relatório Comportamentos Aditivos aos 18 anos. Inquérito aos jovens participantes no Dia da Defesa Nacional – 2022: Consumos de Substâncias Psicoativas, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), que dá a conhecer que o "consumo de bebidas alcoólicas está a aumentar entre os jovens com 18 anos, em Portugal, sendo a sua prevalência mais expressiva no sexo feminino (86%), do que no sexo masculino (84%)".

Mas se um brinde é tolerável e saudável entre os jovens, o problema está no sítio onde põem travão. Há problemas diretamente relacionados com o consumo de álcool elevado, como a "esteatose hepática, mais conhecida por fígado gordo, a hepatite alcoólica e cirrose hepática; porém, também existem as consequências indiretas como as resultantes dos acidentes de viação, por exemplo. Estas situações, quando não tratadas ou prevenidas, lesam gravemente a saúde e podem, até, levar à morte. É, assim, crucial lembrar que é possível viver sem bebidas alcoólicas, o que não invalida que não se possam divertir, relaxar ou socializar”, explica Arsénio Santos.

Por isso, a ideia de um janeiro sem álcool chega pela terceira vez a Portugal. Para que, não só, haja junto dos adultos oportunidade de "refletir sobre os seus comportamentos a nível social e nas consequências que os mesmos trazem para a sua saúde", mas também, "alertar os mais jovens para os riscos e problemas do consumo de bebidas alcoólicas, de que são exemplo a ocorrência de situações de mal-estar emocional e a adoção de comportamentos irrefletidos e potencialmente perigosos, de que são exemplo as relações sexuais desprotegidas".

Pela saúde, no geral, e a do fígado, em particular, em janeiro não se bebe.