• Fazendo um ponto de situação quanto à epidemia em Portugal, Graça Freitas apontou para uma “tendência aparente” para o aumento do número de casos de contágio pelo novo coronavírus, que estão a ocupar entre 70% e 90% da capacidade de internamentos hospitalares. A responsável registou que há “uma tendência aparente para que os números [de casos de contágios] vão aumentar”, assinalando que as últimas duas semanas, atípicas por terem tido menos dias úteis, provocam variações, sendo que mais de 170 mil pessoas se encontram em isolamento profilático ou por doença. A Diretora-Geral da Saúde indicou também que a atual incidência a nível nacional é de 502 casos por 100 mil habitantes no país, sendo "agora mais homogénea entre concelhos e regiões". A região onde é mais elevada é no Alentejo, que conta com 666 por cada 100 mil habitantes.
  • Graça Freitas indicou também haver de momento 417 surtos ativos, dividindo-se entre 55 na região Norte, 25 na região Centro, 284 em Lisboa e Vale do Tejo, 29 no Alentejo e 24 no Algarve. A grande maioria dos surtos, indicou, estão "identificados em estruturas residenciais para idosos" e alguns em "instituições de saúde", havendo "menos em escolas". "Felizmente, como é do nosso conhecimento, as escolas têm sido bastante poupadas a surtos", disse.
  • No que toca ao processo de vacinação, iniciado a 27 de dezembro, já foram usadas 32 mil doses. "Isso não quer dizer que 32 mil pessoas foram corretamente vacinadas, porque cada uma tem de receber a segunda dose", advertiu Graça Freitas. A Diretora-Geral da Saúde alertou que "vacinar não significa abandonar critérios de proteção" e que, "mesmo em relação às pessoas vacinadas, nem todas vão ficar imunizadas" pois não só a vacina "não é 100% eficaz e ainda não temos imunidade de grupo" como ainda necessitam da já mencionada segunda dose.
  • A Diretora-Geral da Saúde deixou ainda algumas informações quanto ao processo de vacinação iniciado ontem nos lares do país, tendo o critério empregue sido "o dos concelhos com maior incidência, ou seja, maior risco". Ao todo vão ser vacinadas 150 em 11 concelhos na região Norte, cinco na região Centro, um na região de Lisboa e Vale do Tejo e oito na região do Alentejo. Vão ser abrangidas 12 mil pessoas entre residentes e profissionais e o critério reger-se-á pela idade das pessoas assim como se sofrem de patologias.
  • Questionada quanto a saber se já estamos a atravessar o pico da atual vaga da pandemia, Graça Freitas, disse não saber responder, lembrando que "só sabemos que estivemos num pico quando começamos a descer". "Enquanto não iniciarmos os movimentos de descida, é difícil saber que estivemos num pico", adiantou, ressalvando que "o mais importante é o número de casos que temos semanalmente e com os quais temos de lidar e dar resposta em termos de cuidados”. Já em relação à taxa de mortalidade, Graça Freitas constatou que esta "está elevada", mas afirmou que a mesma "não acompanha em simultâneo as flutuações no número de casos". "Primeiro aumenta o número de casos, depois o de internamentos e isso reflete-se na mortalidade”, explicou.
  • Quanto ao tema da nova variante de SARS-CoV-2 identificada no Reino Unido e que já foi detetada em Portugal, Graça Freitas disse que a DGS, em conjunto com o Instituto Nacional Ricardo Jorge, está a estudá-la “intensivamente”. Se por um lado já parece ser evidente que esta variante "se transmite mais facilmente”, por outro “não há nenhuma informação de que seja mais grave do que as que já circularam”, assegurou a responsável. No entanto, só pela quantidade de casos que pode provocar, esta estirpe pode "constituir um risco acrescido". "Se há muitos casos, há uma proporção maior que será grave, uma proporção maior que será internada. É sempre uma preocupação uma variante que se transmite mais facilmente", alertou.
  • No seguimento deste assunto, Graça Freitas foi questionada se a nova variante obrigaria a alterações nas regras sanitárias das escolas. Admitindo que as atuais evidências, ainda que careçam de confirmação, indicam que esta estirpe se "propaga mais facilmente entre os mais jovens que as outras variantes”, a Diretora-Geral da Saúde disse que "pode haver uma estratégia diferente" para as escolas caso se prove isso. "Temos sempre de conjugar as duas coisas, a transmissão, ou seja, mais casos, e a gravidade dos mesmos. Como disse há pouco, não há indícios de que esta variante seja mais agressiva", disse. Para já, porém, a indicação da DGS para as escolas "é que continuem o bom exemplo do primeiro período".
  • Para responder à questão quanto à funcionária do IPO do Porto que morreu após receber a vacina da covid-19, Graça Freitas disse que esta se encontra "em investigação", sugerindo que “há fenómenos que podem estar temporalmente relacionados, mas não quer dizer que um seja por causa do outro” e dizendo ser necessário “aguardar serenamente” pelos resultados.
  • Abordando o tema de um possível adiamento para mais de 21 dias entre a toma da primeira e da segunda dose da vacina — algo que já estará a ser avaliado por alguns países — a Diretora-Geral da Saúde admitiu que esse é "um assunto que ainda não está encerrado, está a ser estudado" em três frentes: pela empresa produtora (a Pfizer), pelas agências do medicamento (como a Agência Europeia do Medicamento ou o Infarmed) e pelos especialistas que assessoram à DGS. "É uma questão que está a ser discutida em todo o mundo e só quando houver evidência é que poderemos ponderar alterar de 21 para mais dias", disse.
  • Já em relação à possibilidade de vir a encomendar doses da vacina da Moderna — em véspera da sua possível aprovação por parte da Agência Europeia do Medicamento — Graça Freitas não levantou o véu. "Vamos por etapas, como foi com a vacina da Pfizer. A primeira é que a Agência Europeia do Medicamento considere que a vacina tem todos os critérios de segurança, eficácia e qualidade para ser integrada no mercado como medicamento que passou os ensaios clínicos. Tudo indica que assim será. Depois, a Comissão Europeia terá umas horas para retificar todo o processo e então será a confirmação das encomendas e notas de encomenda", explicou a Diretora-Geral da Saúde. Estando o processo em curso, disse preferir "deixar passar uns dias para ver como estas etapas decorrem e como estamos de receção das primeiras doses".
  • Sendo ainda relembradas as eleições presidenciais, a decorrer no próximo dia 24, Graça Freitas referiu que “a Comissão Nacional de Eleições e os ministérios respetivos” estão “a estudar a forma de, nos locais em que as eleições vão acontecer, não se verificarem aglomerados”. Isso passará pelo aumento do número de mesas de voto e pela criação de regras de acesso como as que se verificam para lojas e outros estabelecimentos comerciais. “Sabemos que temos as salas para votar, que serão em maior número para dispersar mais as pessoas e depois, as regras serão semelhantes às que já existem para outros estabelecimentos comerciais”, declarou. Graça Freitas indicou que mais perto da data das eleições se fará apelo aos eleitores para “diferirem ao longo do dia a sua deslocação” às mesas de voto. “Quanto mais se dispersarem, menos concentração”, argumentou.
  • Graça Freitas deixou ainda um conselho para as pessoas “que mais circularam nesta altura” do Natal e Ano Novo, reunindo-se com família e/ou amigos, para que “estejam muito atentas ao aparecimento de sinais e de sintomas” e que, se os tiverem, contactem a Saúde 24 e “as pessoas com quem estiveram para dar um alerta”.

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.