Em plenário, a redação do Diário de Notícias decidiu hoje adotar um “plano de luta consistente e de gravidade gradual”, que passa por “utilizar o Diário de Notícias, versão ‘online’ e papel como forma de luta”.
E também “colocar a manchete do ‘site’ a negro durante 24 horas”, de acordo com um comunicado que a agência Lusa teve acesso.
Os jornalistas deste meio exigem à “GMG a regularização da situação salarial até dia 31 de janeiro” e decidiram “avançar com pré-aviso de greve por tempo indeterminado se tal não acontecer”.
Este plano de luta, decidido porque “nenhuma forma de luta ao dispor dos trabalhadores garante o imediato pagamento de salários”, conta “com o apoio da direção” do jornal, pode ler-se no comunicado.
O plenário de hoje contou com a presença do advogado do Sindicato dos Jornalistas e de elementos da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e da Segurança Social que “esclareceram os trabalhadores sobre os mecanismos à disposição para fazer face ao incumprimento da GMG, incluindo a suspensão de contrato”, decisão tomada esta quinta-feira pelos trabalhadores do Jornal de Notícias e do desportivo O Jogo, do mesmo grupo.
Sobre a opção de suspensão de contrato, a redação do DN explicou, no comunicado, que já pode ser exercida pelos trabalhadores, mas, que só seria solução financeira, com o pagamento do subsídio de desemprego para “daqui a um mês e num cenário otimista e de celeridade”.
“Algo que não serve para já, segundo a redação, os interesses dos trabalhadores”, realçaram.
Os trabalhadores do DN manifestaram ainda “total solidariedade com todos os que decidirem avançar para a suspensão imediata de contrato prevista na lei em casos de incumprimento salarial”, lembrando que esta situação se verifica neste jornal “desde o mês de dezembro e com a agravante do não pagamento do subsídio de Natal”.
A redação do DN manifestou ainda repúdio e indignação “com a atitude aviltante de um acionista, World Oportunity Fund (WOF) e do seu representante e presidente da Comissão Executiva, José Paulo Fafe, que assumidamente se recusou a pagar salários por estar em litígio, não com os trabalhadores do grupo, mas sim com outro acionista e com a ERC [Entidade Reguladora da Comunicação]”.
“Desapareceram os argumentos invocando crises de tesouraria ou constrangimentos bancários. Finalmente se percebeu uma coisa: o WOF não paga porque não quer – não porque não pode. A indignidade é do tamanho da falta de respeito sentida”, frisaram.
O World Opportunity Fund, que controla a GMG, transmitiu esta quinta-feira a sua indisponibilidade em transferir dinheiro para pagar os salários em atraso até uma decisão da ERC e de um “alegado procedimento cautelar”, segundo disse em comunicado o presidente executivo (CEO) do GMG, José Paulo Fafe.
Além disso, acrescentou José Paulo Fafe, o fundo também lhe transmitiu a sua “indisponibilidade em efetuar qualquer transferência até que o alegado procedimento cautelar de arresto anunciado publicamente pelo empresário Marco Galinha seja retirado”.
Neste mesmo dia, o administrador executivo do Global Media Group Filipe Nascimento e o administrador Paulo Lima de Carvalho apresentaram a sua demissão.
Os acionistas do GMG Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira anunciaram hoje que vão marcar uma assembleia-geral para “apresentar uma solução” para o grupo, reiterando o “incumprimento” da atual gestão.
Considerando ser da “responsabilidade exclusiva” do World Opportunity Fund (WOF) e da gestão executiva por este indicada, liderada por José Paulo Fafe, a “insustentável situação” que os trabalhadores do GMG e que o próprio grupo atravessa atualmente, aquele grupo de acionistas e administradores afirma o seu veemente “repúdio” e considera “inaceitáveis” as “tentativas de pressão exercidas junto da Entidade Reguladora da Comunicação, tornadas públicas” esta quinta-feira.
Em 21 de setembro, o WOF adquiriu uma participação de 51% na empresa Páginas Civilizadas, proprietária direta da Global Media, ficando com 25,628% de participação social e dos direitos de voto na Global Media.
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