Marcelo Rebelo de Sousa falava numa sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril, no grande auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, para a qual convidou os chefes de Estado de Angola, Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste, que discursaram antes.
Num curto discurso de menos de quatro minutos, o chefe de Estado descreveu esta sessão como um encontro "de futuro" e fez breves referências ao passado colonial.
"Do passado colonial guardamos todos as memórias e as lições que nos hão de guiar no futuro", afirmou.
"Do passado livre dos últimos 50 anos retiramos a inspiração para irmos mais longe na afirmação da força do nosso futuro, na língua, na cultura, na ciência, no Estado de direito, na sociedade, na economia, na diplomacia da paz, do desenvolvimento sustentável, da luta contra a pobreza, da ação climática, do respeito pelo direito internacional e os direitos humanos, do multilateralismo, do universalismo, desde logo pelos nossos povos, com os nossos povos", acrescentou.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "foi assim há 50 anos, com os capitães de Abril, culminando tantos sonhos e tantos heroísmos da resistência", e "assim será para sempre".
"Nós o prometemos, neste encontro do futuro. Viva o 25 de Abril, vivam as pátrias e os povos irmãos que o 25 de Abril uniu há 50 anos. Viva Angola, viva Cabo Verde, viva a Guiné-Bissau, viva Moçambique, viva São Tomé e Príncipe, viva Timor-Leste, viva o precursor Brasil, viva a CPLP, viva Portugal, livre e democrático, 50 anos depois", exclamou.
No início da sua intervenção, o Presidente da República recordou o 25 de Abril de 1974 como um momento em que "a liberdade renascia contra a repressão, a democracia avançava depondo a ditadura, a descolonização encerrava cinco séculos de império.
"Portugal redescobria a fugaz liberdade de outros breves tempos, encetava o caminho para a democracia, concluía uma longuíssima história de expansão colonial", prosseguiu.
Na presença também do ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que "a pátria irmã do Brasil" foi a primeira a tornar-se independente de Portugal, em 1822, no "início do início do fim do império".
Ainda antes do 25 de Abril, em 1973 "irrompera essa outra pátria irmã da Guiné-Bissau" – cuja independência Portugal só reconheceu após a Revolução dos Cravos –, e seguiram-se as independências de "mais outras pátrias irmãs: Angola, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste", referiu.
Depois, Marcelo Rebelo de Sousa nomeou, um por um, os presidentes de antigas colónias africanas e de Timor-Leste presentes nesta sessão, agradecendo-lhes.
"Hoje, no meio século do 25 de Abril, agradeço em nome de Portugal aos presidentes João Lourenço, José Maria Neves, Umaro Sissoco Embaló, Filipe Nyusi, Carlos Vila Nova e José Ramos Horta a honra da sua presença fraternal, solidária e gratificante neste encontro de futuro", declarou.
Este foi o segundo discurso de Marcelo Rebelo de Sousa neste 25 de Abril.
De manhã, na Assembleia da República, o chefe de Estado ouviu críticas, sobretudo do Chega, mas também de Iniciativa Liberal e CDS-PP, por ter defendido na terça-feira que Portugal deve "assumir a responsabilidade total" pelo que fez no período colonial e "pagar os custos".
O Presidente da República não retomou esse tema na sua intervenção no parlamento nem no discurso que fez na sessão no Centro Cultural de Belém, a que assistiram, entre outros, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco.
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