“Quando o primeiro-ministro diz que o novo regime significará para muitos professores o fim dos dias da casa às costas, está a ser demagógico. Infelizmente, a casa vai mesmo continuar às costas”, referiu António Pinto, do Sindicato dos Professores da Zona Norte.

Lembrou que os professores vão ser obrigados a concorrer para todo o país, o que os pode fixar “bem longe de casa”.

“Até pode acabar com a precariedade em termos de vínculo, mas, se um professor de Braga for obrigado a ir para Lisboa, para o Alentejo ou para o Algarve, que estabilidade é que isso significa para a sua vida familiar e que saúde é que isso significa para o seu orçamento?”, questionou.

Para aquele sindicalista, o diploma dos concursos demonstra a “falta de respeito” do Governo para com os professores.

“O Presidente da República apresentou 10 propostas de alteração mas o Governo não acatou uma única que fosse”, criticou.

Críticas corroboradas por Lurdes Veiga, do Sindicato dos Professores do Norte, que disse que o diploma constitui "mais um problema" para os docentes e mais um "forte motivo" para a luta.

"Dizer que acaba com a casa às costas é uma enorme demagogia", referiu.

A greve distrital de hoje em Braga juntou, pelas 12:00, cerca de meia centena de professores em frente à Escola Secundária D. Maria II, estando marcada para a tarde uma segunda etapa, com uma concentração na Praça da República seguida de desfile até à Praça do Município.

Entre os muitos cartazes e palavras de ordem, sobressaía uma tarja em que se lia “Um país que põe a escola em último nunca estará em primeiro”.

A contagem integral do tempo de serviço para efeitos de progressão na carreira era uma das reivindicações mais ouvidas, a par da estabilização perto da área de residência, para poder conciliar a vida profissional com a vida familiar.

“A minha vida dava um filme”, atirou Emília Guimarães, professora há 20 anos, natural de Braga, que já andou pela Madeira, Açores, Lisboa e Marco de Canaveses.

Agora, provisoriamente, está há três anos em Braga, ao abrigo da mobilidade por doença, mas receia que a qualquer momento tenha de fazer as malas e voltar para Lisboa, onde efetivou.

“Isto permite alguma estabilidade? Claro que não permite. Se calhar, é por isso que eu sou solteira”, referiu.

Emília está no 4.º escalão, quando, como adianta, “já poderia estar no 6.º ou 7.º”.

“O tempo que trabalhámos tem de ser integralmente contabilizado, não pode ser de outra forma, é tempo que é nosso, que demos ao ensino e ao país”, reclamou.

Aproveitando a melodia do “Bela Ciao”, os professores entoaram o recado: “Senhor ministro, para e escuta, tens os professores numa tremenda luta. Pelos alunos, pela educação, dá valor a esta ação”.

“Não podemos desistir, não vamos desistir”, referia uma professora.

As greves distritais, que decorrem até sexta-feira, foram convocadas por uma plataforma de nove sindicatos.