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As negociações entre os EUA e a Ucrânia em Genebra resultaram num “sucesso decisivo” para os interesses europeus, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Johann Wadephul. Afirmou que questões sensíveis para a Europa, incluindo uma aparente proibição de adesão da Ucrânia à NATO, foram retiradas do plano de paz de 28 pontos, sublinhando que “qualquer acordo não pode ser feito sobre as cabeças de europeus e ucranianos”.
A Casa Branca descreveu os encontros como “extensos e produtivos” e afirmou que os responsáveis ucranianos viram as suas principais preocupações — incluindo garantias de segurança e soberania política — “plenamente abordadas”. Foram feitas “revisões e clarificações” ao plano inicial, e os ucranianos consideram que a versão atual protege os seus interesses nacionais e oferece mecanismos credíveis e executáveis para salvaguardar a segurança do país a curto e longo prazo. Ambas as partes congratularam-se com o progresso constante e concordaram em continuar as consultas até à finalização do acordo. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, descreveu os avanços como “enormes” nas negociações para um acordo de paz.
O plano inicial foi visto pelos aliados europeus da Ucrânia como fortemente pró-Rússia e “inaceitável”, provocou uma reunião urgente no G20 em Joanesburgo, com líderes como Emmanuel Macron, Ursula von der Leyen, Keir Starmer, Friedrich Merz e Mark Carney a coordenarem respostas e a reiterarem que qualquer acordo não poderia alterar fronteiras à força nem comprometer a soberania ucraniana, avança o Politico.
A 23 de novembro, altos representantes da Ucrânia, EUA e Europa reuniram-se em Genebra para negociações de alto nível. A delegação ucraniana, liderada por Andriy Yermak, trabalhou com representantes dos EUA — incluindo Marco Rubio, Dan Driscoll e Steve Witkoff — e conselheiros europeus do Reino Unido, França e Alemanha. Zelensky e os seus aliados procuravam equilibrar a necessidade crítica de manter o apoio militar e de inteligência dos EUA com a proteção da soberania ucraniana. O The Guardian cita Rubio que descreveu os progressos como “tremendos” e “substanciais”, afirmando que alguns pontos permaneciam abertos, mas que as revisões apresentadas refletiam os interesses nacionais ucranianos. Zelensky indicou sinais de que a equipa de Trump estava a ouvir as suas preocupações, destacando a necessidade de um acordo que respeitasse a dignidade da Ucrânia.
Enquanto decorriam as negociações, a Rússia manteve ataques, incluindo bombardeamentos com drones em Kharkiv que provocaram quatro mortes e ferimentos em civis, sublinhando a urgência de uma solução pacífica. Paralelamente, os aliados europeus apresentaram uma alternativa ao plano de Trump, mais favorável a Kiev: sugeriam que negociações territoriais só começassem após um cessar-fogo, mantendo a linha de contacto existente e com supervisão dos EUA, não exigiam a retirada de cidades controladas pela Ucrânia no Donbas, não excluíam a futura adesão à NATO e propunham um limite militar de 800.000 soldados, superior ao do plano norte-americano. Também incluíam medidas como a partilha da estação nuclear de Zaporizhzhia com a Agência Internacional de Energia Atómica e a utilização de ativos russos para reconstrução da Ucrânia, em vez de concedê-los a investidores norte-americanos.
O plano de Trump está envolto em controvérsia quanto à sua autoria, com relatos de que teria sido redigido em Moscovo que foram negados por Rubio, de acordo com a BBC, que insistiu que o documento refletia contribuições da Ucrânia e da Rússia. Alguns senadores norte-americanos e diplomatas europeus consideraram o plano como um “non-starter”, dado o risco de comprometer a soberania ucraniana e enfraquecer a posição estratégica da Europa e da NATO. Ao mesmo tempo, Trump oscila entre exigir uma decisão rápida de Zelensky, chegando a ameaçar cortar apoio militar e de inteligência, e afirmar que o plano não é a sua oferta final, abrindo a porta a alterações. A diplomacia continua intensa, com negociações em Genebra a prosseguir e sinais de progresso, mas num contexto de guerra ativa, ataques russos e elevada pressão política sobre Zelensky.
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