Anthony Blunt, um dos responsáveis pelo levantamento dos quadros da rainha e membro da casa real, confessou ser um agente duplo soviético, mas Isabel II só teve conhecimento anos depois.
Segundo o The Guardian, documentos desclassificados do MI5 lançam uma nova luz sobre o modo como os serviços de segurança guardaram a notícia de que o historiador de arte, do famoso círculo de espionagem Cambridge Five, tinha confessado em abril de 1964, quando a rainha só foi informada em 1973.
O governo de Edward Heath, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, solicitou ao secretário privado da monarca, Martin Charteris, que a informasse completamente com receio da saúde de Blunt e da publicidade negativa que se seguiria caso a sua confissão e imunidade de acusação surgissem após a sua morte.
Charteris comunicou na altura que a rainha "encarou tudo com muita calma e sem surpresa: lembrava-se de que ele tinha estado sob suspeita no rescaldo do caso Burgess/Maclean. Obviamente, alguém lhe mencionou algo no início dos anos 50, talvez pouco depois da sucessão", afirmou o então diretor-geral do MI5, Michael Hanley, em março de 1973.
É ainda referido que só Charteris e o seu adjunto, Philip Moore, "sabem do assunto no palácio", escreveu Hanley em novembro de 1972. "Charteris pensava que a rainha não sabia e não via qualquer vantagem em contar-lhe agora; só iria aumentar as suas preocupações". Blunt estava prestes a reformar-se, aos 65 anos, do seu cargo. Charteris "afirmou que a rainha não gostava nada de Blunt e que o via raramente".
Blunt, que morreu com 75 anos em 1983, era um dos Cinco de Cambridge, juntamente com Kim Philby, Donald Maclean, Guy Burgess e John Cairncross, que tinham sido recrutados pelos russos quando estavam na Universidade de Cambridge ou depois disso, na década de 1930, e que chegaram a altos cargos nos serviços secretos britânicos, no Ministério dos Negócios Estrangeiros e em Whitehall.
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