Num discurso realizado na Conferência de Segurança de Munique, o diretor do Gabinete da Comissão de Negócios Estrangeiros do Partido Comunista da China declarou que o seu país, que rejeitou a invasão russa por atentar contra a integridade territorial da Ucrânia, mas nunca apoiou as sanções contra Moscovo, defenderá sempre a “paz e o diálogo” na “resolução política da crise”.
“É preciso dar uma hipótese à paz”, disse no discurso, o primeiro feito por um diplomata chinês do seu nível no fórum de segurança desde o início da pandemia de covid-19, em 2020.
O responsável chinês afirmou que “a confiança entre as grandes potências mundiais está a tornar-se hesitante”, criticando a “mentalidade de regresso à Guerra Fria” que considerou reinar atualmente.
“Os princípios da carta das Nações Unidas são algo que devemos defender”, acrescentou, voltando a sublinhar que a política de sanções não é uma solução, já que constitui um obstáculo ao diálogo, principal ferramenta na resolução de conflitos.
Num debate posterior, Wang Yi aproveitou para abordar outros assuntos, como a recente crise dos alegados balões espiões da China sobre território norte-americano.
Alinhando com as declarações oficiais do seu Governo, Wang garantiu que os Estados Unidos “exageraram” ao derrubar um desses dispositivos, que, de forma alguma, representavam uma ameaça à segurança.
“Há muitos balões no céu. Vão derrubar todos e cada um deles?”, questionou o ministro chinês antes de pedir a Washington que “pare de fazer papel de parvo só para desviar a atenção dos seus próprios problemas”.
O diplomata também seguiu a posição oficial da China sobre o estatuto de Taiwan, sublinhando que “faz parte do território chinês” e que “nunca foi e nunca será um país”.
No entanto, e apesar destas declarações, existe uma grande possibilidade de o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês e o seu homólogo norte-americano terem uma reunião bilateral à margem da conferência de Munique, que durará até domingo.
No encontro, a China e os Estados Unidos pretendem compensar a suspensão da prevista visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, à China, cancelada precisamente na sequência da crise aberta pelos balões.
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