Em declarações à agência Lusa, o diretor da easyJet para Portugal recordou que há já dois verões consecutivos (2018 e 2019) que a companhia regista um “crescimento zero” no aeroporto Humberto Delgado, devido aos constrangimentos de capacidade daquela infraestrutura, e avisou que há uma pressão crescente de destinos turísticos do leste do Mediterrâneo, para os quais Portugal arrisca perder terreno.

“Se não houver uma declaração de crescimento de capacidade para a Portela [até ao prazo limite de 05 de setembro], o verão de 2020 vai ser o nosso terceiro verão consecutivo com crescimento zero. A economia portuguesa não se pode dar a este luxo, especialmente quando estamos a começar já a sentir uma pressão de retoma no leste do Mediterrâneo. Vamos estar a perder oportunidades que já não vão voltar e isto será muito mau para a economia portuguesa”, sustentou José Lopes.

De acordo com o responsável, “as obras de saídas rápidas da pista e de melhoria da operacionalidade no terreno são bem vindas, mas não chegam”, impondo-se que “seja fechado de uma vez por todas o acordo entre Governo, militares e controladores de tráfego aéreo (NAV) para que exista libertação também de espaço superior”.

“É que podemos estar a aumentar capacidade operativa na pista, mas se depois não tivermos mais espaço superior não vamos ter mais espaço para operar e, portanto, não servirá de nada”, avisou.

Em causa estão as várias bases militares – Alverca, Montijo, Sintra e Alcochete – existentes em torno do aeroporto da Portela, que limitam os fluxos de tráfego civil.

Segundo José Lopes, o acordo com os militares tem que ser fechado até setembro, já que até dia 05 desse mês tem de ser efetuada a declaração de capacidade dos aeroportos, de forma a fechar o próximo verão: “É urgente que os ‘stakeholders’ [partes envolvidas] apressem as suas decisões e os seus acordos e que sejam implementadas medidas para que seja possível haver mais ‘slots’ já para o verão de 2020 e isso tem de ser feito antes do início de setembro, senão já não vamos a tempo”, reiterou.

Relativamente ao aeroporto do Montijo, com a transformação da atual base aérea para criação de um novo aeroporto complementar de Lisboa, José Lopes adverte que, se vier a ser aprovado o estudo de impacto ambiental, o projeto só será uma realidade em 2023.

“E até 2023 eu quero crescer em Portugal e no [aeroporto] Humberto Delgado. A economia portuguesa não pode estar à espera até 2023 para crescer, seria dramático para o nosso país”, sustentou, salientando que “até lá tem que se continuar a apostar na Portela”.