As agências internacionais estão a relatar que a polícia antimotim colocou barreiras nas ruas e nas pontes que dão acesso à praça, indicando também que várias estações de metro que ficam nas imediações daquele local foram encerradas.
O encerramento das estações de metro foi justificado com a realização de trabalhos de manutenção.
Estas movimentações das forças de segurança surgem depois de várias cidades egípcias, incluindo a capital (Cairo), terem sido palco de protestos antigovernamentais que reuniram na semana passada algumas centenas de pessoas e de ter sido lançado um apelo para a realização, esta sexta-feira, de novas manifestações contra o Presidente Abdel-Fatah al-Sisi.
Todos os protestos da semana passada acabaram com a intervenção das forças policiais, em certas situações com recurso a gás lacrimogéneo e a balas de borracha.
Várias organizações não-governamentais (ONG) e advogados especializados em direitos humanos denunciaram, entretanto, que mais de 2.000 pessoas, incluindo manifestantes, jornalistas e ativistas políticos, foram detidas desde a passada sexta-feira.
O procurador-geral do Egito afirmou, por sua vez, que as autoridades questionaram pouco mais de 1.000 pessoas no âmbito dos protestos.
Os protestos da semana passada foram os primeiros de relevo desde 2016.
O Governo egípcio restringiu fortemente as manifestações em 2013, pouco depois de Sissi ter liderado o golpe militar que derrubou o primeiro Presidente eleito democraticamente no Egito, Mohammed Morsi, com origem na Irmandade Muçulmana, que foi, entretanto, proibida.
Desde então, as autoridades reprimiram dissidentes, detiveram milhares de militantes islamitas, assim como militantes laicos e ‘bloggers’.
Os recentes protestos resultam de uma campanha ‘online’ conduzida por Mohammed Ali, um empresário radicado em Espanha que tem criticado a corrupção no Egito e que acusa diretamente Sisi.
Mohammed Ali divulgou uma série de vídeos falando de corrupção no Governo e nas forças armadas, embora não apresente provas.
O Presidente do Egito desvalorizou hoje a eventual realização de novas manifestações antigovernamentais naquele país, afirmando que “não há razão para preocupação”.
"Não há razões para preocupação. O Egito é um país forte, graças aos egípcios", afirmou Abdel-Fatah al-Sissi perante um pequeno grupo de jornalistas e observadores locais no Cairo, logo após o seu regresso dos Estados Unidos, onde participou na Assembleia-Geral das Nações Unidas.
A ONG Human Rights Watch (HRW) defendeu hoje que as autoridades egípcias devem respeitar o direito dos cidadãos de se reunirem de forma pacífica, apelando à libertação de todas as pessoas detidas no seguimento destes protestos.
“A repressão nacional aos protestos sugere que o Presidente Abdel-Fatah al-Sissi está aterrorizado com as críticas dos egípcios", afirmou uma representante da HRW, Sarah Leah Whitson.
A Praça Tahrir ficou conhecida mundialmente por ter sido o epicentro da contestação que derrubou o regime do antigo Presidente egípcio, Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, no âmbito da denominada “Primavera Árabe”, movimento de contestação popular que desencadeou mudanças históricas em vários países árabes.
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