“Eu sempre disse que, para termos 116 deputados de maioria, faria sentido, depois das eleições, ter uma coligação com aqueles que elegerem. Devo dizer que desses todos, parece-me que há um que está a mais, que é o Basta, mas com os outros todos acho que é perfeitamente possível conversarmos, e desejável”, afirmou Assunção Cristas, referindo-se ao partido Chega, liderado por André Ventura, que, nas europeias, encabeçou a coligação Basta.
A líder do CDS falava em resposta a uma pergunta de um espetador da TVI24, no programa “Tenho uma pergunta para si”, colocada por escrito, questionando: “O que é que acha de uma geringonça à direita com PSD, o CDS, a Aliança, o Chega e a Iniciativa Liberal?”
“Não sei se vão eleger, se não vão eleger, eu espero que o CDS eleja e que eleja muito para poder ter um peso e uma contribuição forte nessa maioria de 116 deputados. Mas, sim, aquilo que existe agora à esquerda, um dia, agora, em 2019, pode acontecer no espaço político do centro-direita”, acrescentou Assunção Cristas.
A líder do CDS-PP recusou também que ela própria e o partido tenham estado “de férias” durante a greve dos motoristas de matérias perigosas, referindo que os centristas tiveram intervenção, embora sem o protagonismo da líder, agindo em equipa.
Assunção Cristas sublinhou que, desde a Páscoa, quando os motoristas de matérias perigosas realizaram um primeiro protesto, o CDS tem vindo a defender uma atualização da lei dos serviços mínimos.
“Chegámos a agosto, tivemos mais uma greve e o Governo aproveitou-a para ter um grande protagonismo. Nós não achámos útil estar a aparecer aí, eu, porque outros apareceram. O CDS esteve presente, e esteve presente a falar dos serviços mínimos e a falar da necessidade de rever a lei da greve. Felizmente, o partido não é de uma pessoa apenas, é de uma equipa e ela esteve muitíssimo presente”, declarou.
No programa da TVI e da TVI24, em que foi questionada quer por jornalistas, quer através de perguntas de cidadãos, mas também por representantes de sindicatos e associações, a presidente do CDS recusou quantificar um resultado eleitoral nas eleições legislativas de 06 de outubro que constitua um “patamar de sobrevivência” à sua liderança.
Apesar de falar em ambição, Cristas também dramatizou: “Sabemos o que estamos a combater. Estamos a combater uma maioria de dois terços à esquerda, uma maioria de revisão constitucional, de mudança de juízes do Tribunal Constitucional, de nomeação de cargos da justiça”, disse.
Sobre o despacho à lei da identidade de género, a presidente do CDS rejeitou que o partido tenha contribuído para criar “ruído” sobre a matéria, e, confrontada pela jornalista Constança Cunha e Sá, não se pronunciou sobre posturas que dirigentes centristas tiveram nas redes sociais, como a divulgação de material pornográfico para ilustrar publicações, ou o truncar do conteúdo do despacho pelo presidente da Juventude Popular.
“Achamos que este despacho criou grande ruído e que a forma de tratar estas situações é entre os pais, as crianças, as escolas, na intimidade, e na discrição em que estas situações devem ser tratadas”, afirmou, reiterando uma posição assumida na segunda-feira.
Assunção Cristas sublinhou também a importância da autonomia das escolas: “Faz-me um bocadinho de impressão de que haja um despacho da 5 de Outubro a tratar de uma situação que tem a ver com 200 crianças”.
“A autonomia das escolas serve para isso”, declarou, considerando que se tratou de um “despacho desastroso” e dizendo que, para o CDS, “é essencial que todas as crianças tenham tranquilidade e tenham a sua situação tratada entre pais, escola e professores”.
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