A notícia é adiantada pela agência Associated Press. A possível desistência do dono da Tesla e da Space X de comprar a rede social já vinha sendo adiantada. As ações do Twitter caíram esta quinta-feira após a publicação de um relatório do Washington Post a revelar que o acordo de Musk para comprar a rede social por 44 mil milhões de dólares corria perigo.
O homem mais rico do mundo já tinha expressado anteriormente dúvidas e chegou a insinuar que poderia desistir do acordo, citando preocupações quanto à abundância de contas falsas na rede social.
No entanto, apesar das reservas de Musk, voltar atrás no negócio pode significar uma multa de mil milhões de euros, presente como cláusula no acordo.
O Twitter já fez saber que vai processar Elon Musk para fazer cumprir o acordo de compra da empresa. "O conselho de administração do Twitter está comprometido a fechar a transação no preço e nos termos acordados com o senhor Musk e planeia entrar com ações legais para fazer cumprir o acordo de fusão", escreveu Bret Taylor. "Acreditamos que vamos conseguir", adiantou o presidente da rede social.
No início de junho, a sua equipa de advogados apresentou um documento à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA onde acusava o Twitter de cometer "uma clara violação material" das suas "obrigações sob o acordo de fusão", defendendo-se que "o senhor Musk reserva-se ao direito de não consumar a transação e o seu direito de encerrar o acordo de fusão".
De acordo com a missiva, Musk terá feito o pedido repetidamente desde 9 de maio, um mês depois de apresentar a sua oferta. A justificação para este pedido prende-se com a necessidade de avaliar quantos dos 229 milhões de contas na rede social são falsas.
O magnata já tinha ameaçado em maio recuar no acordo caso não tivesse garantias quanto às contas falsas. "Ontem, o CEO do Twitter recusou-se publicamente a mostrar provas de há menos de 5%", na plataforma, escreveu Musk nessa mesma rede social. O magnata, com 94 milhões de seguidores no Twitter, comentava quanto à sua exigência para confirmar que menos de 5% das contas são falsas na rede social. "O acordo não pode avançar até que ele faça isto", completou.
Em resposta, o CEO do Twitter, Parag Agrawal, afirmou que a plataforma suspende mais de meio milhão de contas que parecem falsas a cada dia, geralmente antes mesmo de serem vistas, e bloqueia milhões de supostos utilizadores de contas que são controladas por um software. As análises internas revelam que menos de 5% das contas ativas num dia médio são classificadas como "spam", mas estas contas não podem ser replicadas por terceiros devido a requisitos de privacidade, afirmou Agrawal.
Musk — que afirma que os "bots" são uma praga no Twitter e que considera uma prioridade livrar-se deles caso assuma o controlo da plataforma — respondeu à explicação de Agrawal no Twitter com um emoji que representa um conjunto de fezes.
"Então como é que os anunciantes sabem o que estão a receber pelo seu dinheiro?", questionou Musk numa mensagem posterior sobre a necessidade de provar que os utilizadores do Twitter são pessoas. "Isso é fundamental para a saúde financeira do Twitter", adiantou.
Agrawal insistiu que o procedimento para calcular quantas contas são "bots" foi compartilhado com Musk.
Agora, os advogados do bilionário afirmam que o Twitter apenas se ofereceu para prestar detalhes sobre os métodos de testagem da empresa, o que "é o equivalente a recusar os pedidos de dados do senhor Musk". Ao fazê-lo, a rede social está a resistir aos direitos que protegem Musk no negócio de obter informação necessária para o mesmo ser finalizado, defende a sua equipa legal.
"Esta é uma violação material das obrigações do Twitter quanto ao acordo de fusão, e o senhor Musk reserva-se a todos os direitos em consequência disso, incluindo o direito de não consumar a transação e de terminar o acordo de fusão", lê-se na carta a que a AP teve acesso.
Em causa estará uma cláusula em que Musk se reserva a abandonar o acordo se houver um "efeito material adverso" provocado pela empresa — algo definido por qualquer tipo de mudança que afete as condições financeiras ou de negócio do Twitter.
De acordo com uma estimativa divulgada pela empresa de software SparkToro, 19,42% das contas do Twitter são falsas ou spam, embora a empresa reconheça que a sua metodologia para determinar os bots provavelmente é diferente da aplicada pelo Twitter.
De resto, a SparkToro tem uma ferramenta no seu site que mostra que mais de 70% dos seguidores de Musk são contas falsas.
Desde que fez a oferta de compra, Musk prometeu livrar o Twitter do spam, aperfeiçoar o sistema para autenticar os utilizadores e aumentar a transparência da plataforma.
Nesse mesmo dia, Musk anunciou que a sua equipa escolheria uma amostra aleatória de 100 utilizadores de contas oficiais do Twitter para verificar se eram reais ou não.
Musk, CEO da SpaceX e da Tesla é atualmente a pessoa mais rica do planeta, segundo a revista Forbes, com uma fortuna avaliada em 230 mil milhões de dólares.
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