Ao Jornal de Notícias (JN), João Paulo Gomes, responsável pelo Núcleo de Bioinformática do Departamento de Doenças Infeciosas do INSA, explica que a grande maioria dos casos são suspeitas que se revelam ter sido causadas por um teste com resultado "falso positivo".
Assim, para se considerar uma reinfeção, "é necessário que aconteçam dois episódios de infeção suficientemente separados no tempo; é preciso ter acesso às duas amostras, o que já não é fácil; e é necessário que essas amostras possuam uma carga viral razoável. Se não o tiverem, não é sequer possível caracterizar geneticamente o vírus para se perceber se é diferente do primeiro", explica.
Considerando tudo isto, o INSA verificou que na maioria dos casos suspeitos de reinfeção analisados "a carga viral de uma das amostras roçava o limite da sensibilidade dos testes. Era tão baixa, que permite levantar a suspeita de falso positivo".
Por isso, quando tal acontece, impõe-se o pressuposto da comunidade científica de que "os eventos são raros e a maior parte das suspeitas não é fundada".
Todavia, há ainda outros casos a considerar: aquelas em que se pode estar perante um caso positivo verdadeiro, "mas não de uma infeção real", o que pode acontecer a quem já esteve infetado e, também, a quem já recebeu a vacina contra este coronavírus — nestas duas possibilidades, a pessoa poderá já estar imunizada.
"Gostava de distinguir o positivo do infetado. Uma pessoa fica positiva, porque contactou com outra positiva. Mas não adoeceu, porque estava vacinado e o sistema imunitário debelou o vírus. Chamar reinfeção a isto é um bocadinho perigoso", alerta.
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