No mercado do Plateau, no centro histórico da cidade da Praia, vende-se frutas, verduras, legumes, carne, peixe, tudo para uma mesa farta e diversificada.

As vendedeiras espalham alegria e simpatia, mas não têm muito tempo para entrevistas. Estão mais preocupadas em conseguir mais um freguês para vender qualquer coisa porque "kau sta mau" (a venda está fraca).

Mas quando se começa a falar de Marcelo Rebelo de Sousa, praticamente todas dizem que conhecem o Presidente da República de Portugal, através da televisão.

"Conheço o Marcelo da televisão", respondeu a vendedeira Maria Moreno, conhecida por Fika, que há mais de 30 anos vende no mercado. "Acho que é uma boa pessoa", caracterizou.

O chefe de Estado português chega a Cabo Verde no próximo sábado para uma visita oficial de quatro dias, e na segunda-feira visita o mercado do Plateau acompanhado do homólogo cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca.

As vendedeiras mostram-se expectantes com a visita do mais alto magistrado português e garantem que se depender delas o professor Marcelo não sai de Cabo Verde sem aprender a dançar funaná, um género musical cabo-verdiano tocado com gaita (acordeão diatónico) e ferro.

Música animada, nasceu na ilha de Santiago por volta do século XIX, tendo, segundo o músico Márcio Lúcio Sousa, sido o primeiro a ser dançado aos pares.

"Se começar a tocar funaná, vamos dançar com ele", assegurou Maria Moreno, entre risos e pedidos aos clientes para comprarem na sua banca, onde sobressaem batatas, pimentão, mandioca, couve, cebola, tomate, tudo muito fresco, chegado no dia do interior de Santiago.

"Ele não mexe o corpo?", pergunta. "Sabes que os cabo-verdianos gostam de dançar. E vamos ensiná-lo a dançar funaná", reforçou Maria Moreno, acompanhada na gargalhada pela sua "vizinha" de banca Sílvia Lopes.

"Quando vier, dançamos com ele o cotxi pó", completou Sílvia Lopes, referindo-se a uma nova onda do funaná que está a contagiar os jovens, sobretudo no interior da ilha de Santiago.

"Se encontrarmos aqui, damos uns dois passos de funaná. Sei que ele dança, mas eu também gosto. E funaná é muito importante. É algo que já estou acostumada" disse, por sua vez, Arcângela Semedo, 58 anos, e há 32 sempre a vender no mercado do Plateau.

Mas as vendedeiras não vão dar só música a Marcelo Rebelo de Sousa. "Acima de tudo, vamos oferecê-lo muita amizade e vamos acolhê-lo muito bem e fazer com que todos permanecem unidos e de bem uns com os outros", garantiu Arcângela Semedo.

E prometeu pôr o Presidente português a saborear produtos cabo-verdianos, como tambarina, simbron, manga - "se houver" - e banana de Cabo Verde, que é "diferente" da de Portugal.

Já Sílvia Lopes disse que vai oferecer batata-doce, xerém, cuscuz, milho e feijões, ao mesmo tempo que espera uma mensagem de "esperança" do Presidente para melhorar o negócio no mercado frequentado diariamente por centenas de pessoas.

As vendedeiras também querem agradecer a Marcelo Rebelo de Sousa o acolhimento de Portugal aos milhares de cabo-verdianos.

"Faz com que os emigrantes cabo-verdianos não sejam maltratados, sejam bem acolhidos. É por isso que estou contente porque onde acolhem bem os nossos irmãos ficamos mais satisfeitos", disse Arcângela Semedo, considerando que Marcelo é um "bom Presidente".