“Uma situação como esta não é inesperada. Quando se vacinam milhões de pessoas, é inevitável que ocorram incidentes raros ou graves após a vacinação e o nosso papel [do regulador europeu] é o de avaliar que todos os efeitos secundários são rapidamente investigados, se estão realmente ligados à vacina ou se são coincidência”, declarou Emer Cooke.
Falando em videoconferência para a imprensa em Bruxelas, a responsável pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla inglesa) frisou também que “não há evidências de que foi a vacinação [com o fármaco da AstraZeneca] que causou estas situações”, além de que os efeitos secundários apenas se verificaram “num número pequeno de pessoas que receberam a vacina”.
Emer Cooke garantiu, ainda assim, que a EMA vai continuar a investigar esta situação, “tendo em conta os receios dos cidadãos”, adiantando que a prioridade do regulador é “garantir a segurança da vacina”.
Na próxima quinta-feira à tarde, a EMA irá divulgar as conclusões dessa investigação e emitir uma decisão.
Esta posição de hoje surge depois de nas últimas horas vários países europeus, incluindo Portugal, terem decidido por precaução suspender a administração desta vacina após relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos e da morte de pessoas inoculadas com esta vacina.
Na quinta-feira passada, a EMA indicou que não existem provas de um aumento de risco de coagulação sanguínea em pessoas vacinadas com este fármaco contra a covid-19.
E já na segunda-feira o regulador europeu defendeu que “os benefícios” da vacina da AstraZeneca contra covid-19 “superam os riscos de efeitos secundários”, garantindo ainda assim uma “análise rigorosa” às situações de formação de coágulos sanguíneos em vacinados.
“É uma preocupação séria e requer avaliação científica”, assinalou Emer Cooke, falando por via digital aos jornalistas em Bruxelas.
A responsável pelo regulador europeu de medicamentos insistiu que a EMA vai, então, continuar a “avaliar quaisquer possíveis efeitos secundários relacionados com esta vacinada”, mas reforçou os seus “benefícios”.
Também hoje, o comité de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a segurança de vacinas vai discutir a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca/Oxford.
A OMS tem defendido que "não há razão para não usar esta vacina".
O grupo farmacêutico anglo-sueco assegurou, por sua vez, não haver "qualquer prova da existência de um risco aumentado" de se verificarem coágulos sanguíneos causados pela sua vacina.
Ainda hoje, a Comissão Europeia anunciou ter chegado a acordo com a BioNTech-Pfizer para a entrega antecipada de 10 milhões de doses da vacina contra a covid-19, que estarão disponíveis já no segundo trimestre, depois de atrasos e problemas com a vacina da AstraZeneca.
Atualmente, são quatro as vacinas contra a covid-19 aprovadas pela EMA: BioNTech-Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Janssen (grupo Johnson & Johnson).
De acordo com Emer Cooke, estas são “vacinas altamente eficazes e seguras”.
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