“Acho que estaremos brevemente numa posição – e quando digo brevemente, digo nos próximos dois meses – para dar os primeiros passos para esta iniciativa importante”, sublinhou o diplomata português durante uma conferência de imprensa virtual com correspondentes estrangeiros em Bruxelas acerca das prioridades da presidência portuguesa.
Interrogado sobre se “os primeiros passos” significavam a escolha de um presidente para a Conferência ou a realização da primeira reunião, o diplomata admitiu que “talvez” estivesse a ser “demasiado otimista” na sua avaliação, mas que a principal questão que impede a sua realização “não é uma questão de substância”.
“Em termos de substância, acho que as três instituições envolvidas no processo [Parlamento Europeu, Comissão Europeia e Conselho da União Europeia] estão muito próximas de um acordo. A principal questão tem sido uma questão de governação”, sublinhou o diplomata.
Referindo que se iria abster de comentar a questão da governação por estar acima das suas competências, o diplomata sublinhou que mantinha, ainda assim, a sua “avaliação otimista”.
“Vamos ver se conseguimos dar início ao processo, pelo menos nos primeiros dois ou três meses da presidência portuguesa, porque temos falado demasiado tempo [sobre o tema], mas agora é tempo de agir e de concretizar, como referimos no nosso programa”, afirmou Nuno Brito.
Frisando que a Conferência é um “projeto importante” que “não foi possível desenvolver nos últimos seis meses”, Nuno Brito referiu também que “é muito importante que os cidadãos europeus tenham uma palavra a dizer sobre o seu próprio futuro”.
“É importante escutar os cidadãos, ouvir as suas preocupações e tentar incorporar ideias que possam surgir durante esse processo no nosso próprio trabalho”, afirmou o representante permanente.
O diplomata – após ter apresentado as prioridades da presidência portuguesa – sublinhou ainda que as presidências são “tarefas humildes” porque o Conselho “funciona de maneira colegial”, mas que Portugal se esforçará por ser um “mediador honesto”.
“Iremos tentar promover o interesse comum europeu porque descobrimos há muito tempo em Portugal – há muitos anos, quando nos juntámos à Comunidade Económica Europeia – que a melhor maneira de promovermos o interesse português é ao promover o interesse europeu no geral”, referiu o diplomata.
A Conferência sobre o Futuro da Europa, um fórum de discussão que está previsto durar dois anos, deveria ter começado a 09 de maio de 2020 e prolongar-se até ao verão de 2022, mas a pandemia da covid-19 obrigou ao seu adiamento.
Além disso, até ao momento, as diferentes instituições ainda não conseguiram chegar a acordo sobre o nome do político que deverá presidir a conferência.
Se os líderes das principais famílias políticas europeias do Parlamento Europeu (PE) acordaram em janeiro o nome do eurodeputado Guy Verhofstadt para liderar os debates, certos Estados-membros recusam-se a aceitar o político belga e propõem outros nomes, tais como o do ex-primeiro-ministro finlandês, Alexander Stubb, ou da ex-primeira-ministra dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt.
A Conferência visa nomeadamente visa abordar os desafios internos e externos com que se defronta a Europa, bem como os novos desafios societais e transnacionais que não foram previstos na íntegra aquando da adoção do Tratado de Lisboa, criando uma plataforma para discussão entre os cidadãos e as instituições europeias.
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